sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Eternos 42 minutos que passaram depressa.

Estando eu estático
a espreita,
eis que a avisto vindo linda,
vindo de longe.

Com a paciência de um monge,
um recém confinado,
demonstrando meu desamparo
precipito-me a teu encontro.

Ali, feliz diante de ti
depois de tanto tempo,
não crendo naquele momento,
pude enfim te abraçar.

Naquele sublime entrelaçar,
te apertando contra mim,
parecendo estar num jardim
teu doce cheiro a exalar.

Seguindo pelo caminho,
num misto de sim e de não
eu segurei a tua mão,
mão que não me fugiu.

E o juízo ali me sumiu,
pois entre olhares e carícias,
um amor sem malícia
se fez em mim nascer.

Linda anjo de olhos belos,
se tua dúvida é culpa minha,
eu te elejo minha Rainha;
e sacio uma por vez.

E eis que outra vez:
perdoe-me a insistência
mas agradeço tua existência,
Te quero muito, sétimo mês!

sábado, 13 de dezembro de 2014

homenagem ao solstício do quadro negro

estimado professor
querido defensor
de alunos e adolescentes que estão ‘’nascendo’’
de jovens que ainda estimulam o pensamento,
constroem princípios e ideologias
acumulam tudo o que lhes ensina
obrigada por todos os ensinamentos que nos deu
digo isto como eu
mas sei que muitos outros adolescentes pensam o mesmo
sei que muitos amigos e conhecidos pensam o mesmo
pensam que o senhor, professor
não só ensina, como também transmite seu amor por ensinar
querido professor nesta data, neste dia
eu repito, as mais doces palavras que conseguir entoar
assim como os docinhos da mesa
assim como as pessoas juntinhas no frio
com chocolate a beber
doce, doce assim como o aprendizado que nos deu
desejo-lhe que viva, não só por viver
desejo-lhe uma vida longa e amena
desejo-lhe a felicidade, não o domínio, mas sim os momentos
desejo-lhe que navegue pelo mundo com os mais diversos pensamentos
pois, assim como dizes é sempre bom tê-los por perto
desejo que continue a ser meu amigo, professor, sonhador
grande ser, continue a crescer
acrescento em mais um pedacinho do bolo
um feliz aniversário

Autora: Nínive Elisabete

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Despedida: esquecer lembrando.

Contradição, paradoxo, incongruência...
palavras mil não logram expressar
essa felicidade angustiante
que é amar sem poder amar.

Lembrá-la sem nunca tê-la visto.
Escutar tua voz em palavras escritas
Sentir teu perfume longe de ti estando:
sensações curtas, insanas e infinitas.

Imprescindível se tornastes tu, anjo bom
mas de ti, entristecido, hei de abrir mão
pois se eu não luto para te dizer sim,
sim, tu travas guerras para dizer-me não.

Tempo parado que passa rápido,
morte em vida, vida sem viver,
De ti, a partir de hoje, levo a vida;
infelizmente uma vida sem você.




domingo, 30 de novembro de 2014

Sétimo mês

O sétimo mês é feminino.
Não é gélido como se presume,
mas acalorado e satisfatório,
Delicioso novo costume.

Te senti num lugar com nome sacro;
todavia não a percebi;
Preciso foi que as areias do tempo,
junto com os derradeiros momentos,
te colocassem diante de mim.

Quão prazeroso não foi
quando tu, sétimo mês,
se dizendo de extrema timidez
tornou-me teu feliz interlocutor.

Se me permites, pois,
por tão grande felicidade trazida
medíocres versos te dedico,
mês que trouxe colorido à minha vida

Mais terno e vivo do que dizem,
acabastes com meu ceticismo
E novembro se fez Julho,
e Julho trouxe-me sorrisos.

A Primavera é em Julho,
e que isso ninguém me conteste;
pois se Primavera é vida,
fostes tu quem novamente ma deste.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Nunca foi tão longo...

Nunca o conceito de relatividade fez tanto sentido para mim, pois de segunda feira até hoje (sexta) o tempo passou tão rápido quão depressa desaparece o salário dos trabalhadores, entretanto, nunca o caminho da escola para casa foi tão longo. Passou um filme ante meus olhos enquanto a moto me trazia sozinha para casa. Meu ano, de fato, terminou hoje às 12:20.
É discurso batido, muitas vezes repetido, mas se me falta o dom de trazer emoção pelas palavras oralizadas e por tais emoções deixar marcado na lembrança o que falei e vivi, pretendo por meio da repetição incessante causar efeito similar. Pois bem, repito o discurso pelo motivo agora apresentado. Este ano foi extremamente difícil, permeado por grandes perdas em todos os âmbitos de minha vida. E eis, meus caros amigos/alunos e demais leitores que ainda continuam a ler tal ladainha, que conhecer meus bebês e conviver ao seu lado foi a melhor coisa que me ocorreu neste ano ruim, isso se não for a única. Portanto, se me permites, gostaria de deixar mais algumas palavras, e quem sabe tentar por meio delas pintar em tua mente um pouco das imagens que vi no caminho de volta e que em minha própria cabeça são um tanto fora de ordem.
Despedidas nunca foram o meu forte, e alguns mais conservadores dirão que homem não chora, que homem que chora não é tão homem assim. Como gosto de contestar principalmente os valores instituídos, diria que mais homem é aquele que chora, pois se a capacidade de raciocínio diferencia o homem dos demais animais, a capacidade de se emocionar também o faz, e quem chora mais humano se torna - sou humano, demasiadamente humano. Pois bem, verteram-se lágrimas hoje, inclusive de mim. Agrego aqui mais um dos discursos batidos, aquele em que sempre disse que dinheiro não é tudo, não compra tudo e nem é meu objetivo principal.
O maior fruto que tive por conta do suor do meu trabalho não foi, de forma alguma, o dinheiro que recebi, mas as alegrias que acumulei durante o tempo em que estive com meus amigos/alunos na escola, nas salas, na rua, inclusive; alegrias que se tornaram lembranças e que vieram de uma só vez em minha mente nos últimos 50 minutos de aula hoje, colocando-me num mar de sentimentos contraditórios, díspares, e que culminaram com o suor que correu de meus olhos. Diria mais: o maior fruto do suor de meu trabalho foi a quantidade de lágrimas que se fundiram ao tecido de minha camisa. Estas lágrimas advindas dos mais belos sentimentos de amizade e carinho que meus alunos me dedicam foram o maior prêmio que tive. Não há dinheiro no mundo que pague o que senti hoje quando fui efusivamente abraçado por eles.
Não se engane, tu que mal me conheces, achando que somente coisas boas aconteceram no convívio com meus alunos, mas prefiro ressaltar as boas em detrimento das ruins. Também não creia, tal como crê um ortodoxo ou um neo-pentecostal, que eu somente sou passional por conta desse texto, pois conhecem-me justamente pelo ceticismo e pretenso racionalismo. Mas creias no que juro agora: não consigo escrever uma linha deste texto sem que me ameacem as lágrimas. Perceba, pois, que se gasto tempo falando contigo que me lê e não sobre o que sinto é, antes de estilo, uma maneira de conter a pressão que as lágrimas estão exercendo sobre meus olhos, pois como os pais fazem com as filhas mais novas, nem sempre elas devem sair assim, sozinhas e a qualquer hora.
Seja como for, gostaria apenas de exaltar que detesto despedidas, pois sei da importância que os que me cercam têm em minha vida, e como estes constroem boa parte do que sou. Sabedor disso, qualquer quebra de contato com estes significa uma quebra no que sou, forçando um reconstruir de mim mesmo, fazendo-me sentir profundamente a dor do afastamento. Fui obrigado a me reconstruir no início do ano, e a base que me sustentou agora não estará mais por perto. Para ser mais exato, provavelmente eu não esteja perto desta base constituídas por estes meus amigos, meus amigos/alunos.
Acredite no que digo, leitor, que em princípio era fustigado por olhares desconfiados por parte de alunos e Professores - mais destes que daqueles - por ter maior proximidade com os alunos. De fato quebro com o esteriótipo de um Professor, talvez pela competência ainda distante de mim, talvez por acreditar que não me diferencio dos alunos senão por causa da idade e do pedaço de papel que diz que sei, mesmo sem saber se realmente sei; ou ainda por eu achar que meu compromisso maior é com os alunos, e não com meus pares. É, acho que é isso, o compromisso maior do Professor é com os alunos, não com os pares. Por falar em meus pares, ressalto que foi a melhor equipe que trabalhei, contando com excelentes profissionais, a quem também devo fração de gratidão. Mas voltemos aos alunos. Passei diversos recreios com eles jogando conversa fora ou discutindo fora da sala o que lá se iniciou. Não me arrependo em nenhum momento das tardes que fiquei para conversar e tirar dúvidas dos que lá ficavam. É óbvio que as explicações e discussões eram o plano B dos meninos, que por plano A tinham ganhar ósculos das namoradinhas que estudavam a tarde. Mas eram boas discussões.
Enfim, como havia dito, era um tanto confuso, e o relatado aqui representa fração mínima da confusão de sentimentos e lembranças que invadiram minha mente durante os 10 km da escola até minha casa.
Mas espere, tal como acontece com o raciocínio que de tão rápido que é as palavas não alcançam sua velocidade e falham ao tentar descrevê-lo e explicá-lo, devo, tardiamente, usar das palavras para falar mais um pouco, haja vista que só agora as palavras chegaram em local onde o raciocínio passou há tempos. Serei direto para não ser enfadonho, se é que já não tenha criado tal efeito no texto, e se o tenha possa diminuí-lo. Meus amigos/alunos, certamente cada tímbre, cada gesto, cada pergunta, cada face, cada briga e cada bom momento vivido convosco estão gravados em minha memória. Deixo de rotulá-los como alunos e passo a chamá-los apenas amigos. Agradeço a toda a demonstração de carinho que recebi durante todo o ano, principalmente pelas lágrimas vertidas em função de nossa despedida hoje. Saibam que tens em mim um amigo, mais que um Professor. Cada um de vós me é importante, é um aluno que deixo, um amigo que levo. Nunca os esquecerei, e tais lembranças serão levadas para o jazigo a fim de que divirtam os vermes que me roerão as carnes.
Nunca esquecerei do que me fizeram.

De teu amigo e Professor, Lucas Dario Romero y Galvaniz.






terça-feira, 21 de outubro de 2014

"Aécio, quem conhece, confia".

Bem, vi um vídeo com viés político rolando no facebook e que continha uma declaração do ator Luiz Fernando Guimarães, e, não perdendo o espírito contestador e de vontade de aprendizado, fui ver do que se tratava, já que, embora tenha convicções políticas distintas, acho por bem conhecer o que é contrário, pois acredito que no contrário também encontramos coisas edificantes. O nome do vídeo, ou da campanha cujo vídeo faz parte, é o mesmo que temos no título desta postagem: "Aécio, quem conhece, confia".
Eis o link do vídeo

https://www.facebook.com/video.php?v=869289789782570

Não curto discutir pessoas quando o assunto é política, mas os partidos e suas ideologias, já que os candidatos são representantes de partidos e não governam, em sua maioria, contrariamente aos rumos traçados pelos mesmos partidos. Contudo, como o slogan do vídeo é "Aécio, quem conhece, confia", proponho uma análise do conteúdo do vídeo em comparação com  episódios envolvendo Aécio para que pensemos se o slogan faz sentido. Vejamos:
O ator afirma ter três motivos para votar em Aécio, sendo que o primeiro até é um legítimo desejo de alternância partidária. Contudo, os dois outros são uma tragédia de falta de conhecimento, o que contradiz o slogan do próprio vídeo, já que deixa claro que ele não conhece Aécio e usa de sua imagem e palavras bonitas para tentar pegar os desavisados (expediente usado por quase todas as campanhas...).
Pois bem, vejamos suas palavras acerca do segundo argumento:

"Eu vou muito à Belo Horizonte, eu adoro aquela cidade, eu adoro o povo mineiro e vejo que a cidade tem um tratamento muito legal, foi muito bem governada por ele."

Oras, ele vai muito à BH? Estranho, ele não é de lá? Talvez isso explique o fato dele dizer que a cidade foi muito bem governada por Aécio mesmo ele nunca tendo sido prefeito da cidade.
O que isso tem a ver? Oras, ele foi governador, e sim, podia e devia, dentro de sua atribuições e responsabilidades, trabalhar para deixar a capital bela e bem cuidada, mas essa era uma atribuição principalmente do Prefeito e não do governador, Prefeito que para deixar bem claro, nunca foi Aécio. E mesmo assim é muito conveniente para prefeito e governador que a capital, ao menos, seja bem cuidada, pois é para lá que acorrem os forasteiros, e é a capital o maior cartão de visitas do Estado. Agora, e o restante do Estado? E desde quando capital bem cuidada significa Estado todo bem cuidado? Estranho, não? Ele fez um trabalho tão bom que...

http://www.revistaforum.com.br/blog/2013/05/tjmg-confirma-aecio-neves-e-reu-e-sera-julgado-por-desvio-de-r43-bilhoes-da-saude/

Bem, vejamos o terceiro motivo:

"E em terceiro é porque eu acho ele um cara muito transparente, ele é uma simpatia de pessoa, eu sinto nele uma vontade, uma capacidade, uma energia muito grande para governar esse país."

Opa, opa! Espere um pouco! Um cara transparente? Como assim? Então por que sendo transparente ele entrou na justiça para impedir que o google relacionasse seu nome à alguns escândalos da vida pessoal e de sua gestão enquanto governador? Estranho... E o teste do bafômetro? E a demissão de Jorge Kajuru pedida por ele após uma crítica à ele, então governador, e...

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/03/1425228-justica-nega-pedido-de-aecio-para-bloquear-buscas-na-internet.shtml

Ele é uma simpatia de pessoa??? Será que ele foi muito simpático quando bateu em uma mulher?

http://www.horadopovo.com.br/2009/Novembro/2814-04-11-09/P3/pag3a.htm

"Eu sinto nele uma vontade [...] uma energia..." Energia? Tá bem... Sentir energia é muito útil mesmo.
Mas vamos lá, pois ele também sente uma capacidade... Bem, as notícias, embora tendenciosas, estão apontando fatos até então irrefutáveis, então deixarei elas falarem um pouco...

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/191539-aecio-perde-batalha-da-verdade.shtml

Essa última notícia mostra o quão simpático é o candidato. Realmente "muito simpático". Mas vale lembrar do ditado popular: "quando a esmola é muita, o santo desconfia". Muita simpatia e pouca verdade.

Não sei se tivestes a curiosidade de ler todo o texto e ver as notícias, pois muitos apenas reproduzem pequenas manchetes ou vídeos como se fossem a verdade absoluta e não vão a fundo para verem se estão reproduzindo verdades ou coisas coerentes (não que não possas questionar estas notícias citadas - até deves- mas se aprofunde)... Contundo, se deitar ao exame minucioso, verás que no mínimo, no caso deste vídeo, o ator não faz jus ao slogan, e deixa bem claro que não conhece o Aécio. Então sugiro que mudem o slogan deste vídeo para "aécio, confio, mas não conheço", ou então teremos de acreditar no da oposição dele que diz "Aécio, quem conhece, não vota".

sábado, 18 de outubro de 2014

O "di menór" tem que virar "di maiór"?

Muito se tem discutido - inclusive alardeado por um candidato à presidência que afirma ser um dos seus mais urgentes projetos - acerca da diminuição da maioridade penal. De fato, se levarmos em conta a opinião da grande maioria das pessoas, tal projeto já teria sido aprovado e a maioridade penal já teria caído, inclusive para 12 anos, segundo já escutei por aí.
A ideia que sustenta essa opinião gira em torno de uma certa impunidade, que faz com que cada vez mais adolescentes e crianças optem pela prática do crime. Segundo a opinião vigente, diminuindo a maioridade penal, diminuiria por consequência o número de delitos. Será mesmo? Vejamos:
Eu sei que alguns dos que possivelmente possam estar lendo estas linhas ficarão bravos e desconfiados pelo exemplo que citarei - podem dizer que é insistência e talvez perseguição (até mesmo escárnio, mas não se trata disso) - mas não me furtarei do direito de usá-lo. Quando Jesus, o dito Cristo, foi pregado na cruz para cumprir pena capital, junto a ele estiveram outros dois malfeitores, para ser mais exato, ladrões. O que tem isso com a questão da diminuição da maioridade penal? Tudo! Inclusive com à ideia também por muitos defendida acerca da pena de morte, que neste caso apenas esbarraremos como citação. É simples: se o medo da punição faz com que os crimes diminuam, ou mesmo acabem, tal como acreditam os defensores da diminuição da maioridade penal, como se explica que mesmo sabendo que a punição para o crime de roubo era a morte ainda sim aqueles dois sujeitos foram roubar? Isso sem levar em conta que o roubo é um crime que não atenta diretamente contra a vida, maior bem existente, e mesmo assim era severamente punido. Podemos responder isso sem muito esforço: o que causa a maioria absoluta dos crimes não é a certeza da impunidade ou da punição branda. Ao contrário, a causa da maioria dos crimes é a desigualdade social.
Os reflexos mais imediatos de uma possível diminuição da maioridade penal, então, antes de ser a diminuição da criminalidade, serão: primeiramente, o aumento de sujeitos encarcerados nos presídios, haja vista que os jovens antes levados para as Fundações Casas serão levados às penitenciárias; e em segundo lugar, os crimes cometidos hoje por jovens de 17, 16, 15 anos, passarão a ser cometidos por crianças mais novas.
Dirigir as ações do Estado rumo às punições é combater os sintomas, não o mal. Punir pode fazer o cidadão menos avisado confundir vingança com segurança. Punir é vingar-se, mas não diminuir ou acabar com os crimes, pois para se ter punição por parte do Estado é necessário ter acontecido crime.
O Estado deve criar políticas públicas que diminuam as diferenças sociais, aumentando as possibilidades e oportunidades dos marginalizados, que são, em sua maioria, os que acabam rumando para o crime. Não sou leviano a ponto de dizer que não há aqueles que mesmo tendo oportunidades diferentes acabam preferindo a vida de crimes, mas estes não são a regra, mas exceções. A diminuição dos crimes em todas as idades passa pela ação do Estado a fim de diminuir as diferenças e aumentar as oportunidades dos cidadãos, não pelo seu braço forte na hora da punição. Não confunda vingança com segurança!

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Sant'Ana

E como na obra que produziu a existência
onde aquilo que nada era tudo passou a ser
O mais puro e santo pedaço de mal caminho
reorganizando em sete dias todo um caos
que atravancava por inteiro o meu viver
Fez como a mais potente das divindades
que em sua magnanimidade 
escolhe um ínfimo ser e o cobre de carinho.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Mãos estendidas.

Mães e crianças: sentimentos diferentes despertados pela mesma coisa.
Crianças, na rua, com suas pequenas mãos espalmadas para o céu;
Suas mães, no quintal, a amaldiçoar;

Num dia atípico, o Sol podia ser encarado diretamente
As mães, sem notá-lo, a amaldiçoar
As crianças, com as mãos espalmadas, na rua a brincar

Num fenômeno semelhante ao proporcionado pelo Vesúvio
Escondido atrás de inimaginável véu
O Sol se fizera ver em um vestido púrpura

Desvelava-se o Sol aos olhos mortais,
As crianças, ainda na rua, com as mãos para o céu, a brincar
As mães, já dentro de casa, a amaldiçoar

Os que transitavam se viam debaixo de névoa
Mas não era nimbos nem o gélido inverno que a provocara
Pompéia tinha vez, outra vez.

Ao norte, ao longe, se erguia o véu que se antepunha ao Sol
As mães... ainda a amaldiçoar
E as crianças, cheias de energia, continuavam a brincar

Donde antes era verde vivo
Agora era um arco-íris de cores mortas
Beje, marrom, preto, cinza... cores que o compunham

O Sol se deixava ver, a neblina dominava e o arco-íris se estendia
As crianças a brincar, com suas mãos apanhar
Suas mães, amaldiçoando, indignadas, também a apanhar.

O Sol, num inverno verão, muito quente
Indivíduos, isqueiros, ideias, método antigo
Tempo seco, canavial inteiro, um terreno baldio

Ao norte: uma fagulha e um incêndio.
Ao sul, crianças na rua a brincar
Em casa, as mãe a apanhar, a amaldiçoar

Dum lampejar do grande gênio humano: uma erupção.
Labaredas estalam, uma carotina de fumaça toma a cidade
Um Vesúvio que cospe suas cinzas sobre Pompéia

Dos flocos de neve queimada e quente dois sentimentos distintos apareciam
Nas crianças, alegria de quem brinca
Já nas mamães um ódio de dia contraprodutivo.

Crianças com mãos estendidas ao céu apanhavam cinzas
Mães com mãos estendidas sob varal apanhavam roupas acinzentadas
O Sol avermelhado a se deixar ver; mães a amaldiçoar; crianças a brincar...





domingo, 25 de maio de 2014

A culpa é do vidro.

O que é pior do que um amor não correspondido?
Um amor correspondido e não consumado por ser "impossível".
Querer, saber que é quisto,
e mesmo assim não poder dar vazão a um sentimento tão puro:
eis o que corrói mais duramente a alma.
É como se um corresse para o outro na ânsia de um simples abraço
um singelo, apaixonado, terno e eterno abraço,
mas tivessem, cada um em torno de si, uma prisão,
uma redoma de vidro transparente e inquebrável,
que, cruel, permitisse que um avistasse o outro,
todavia, impedisse o toque, o cheiro, o beijo.
O vidro é o vilão.
A amada está ali, a menos de um palmo,
escuta-se seu coração batendo devido ao esforço em romper a redoma
Meu coração quase arrebenta o peito pelo esforço e pela proximidade:
ela está ali, do outro lado, a menos de um palmo
mas o vidro continua firme, se recusa a ceder.
O vilão é o vidro.
Ele impede o toque, o cheiro, o beijo...

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Os grilhões da liberdade

Em homenagem à minha amiga, uma presa menina livre.


A liberdade só existe
pr´aquele que a almeja,
que no fundo d´alma deseja,
e independente das barreiras
por cima destas passa, persiste.”


Aquele que insistiu e buscou
a liberdade tão sonhada,
que é por muitos cobiçada,
ao fim da vida se da conta
que tal conceito só lhe ofuscou.


Os olhos sempre lá focados,
fixos no mesmo objetivo,
continuar sem ter motivo,
à liberdade como fim último,
parecendo estar enfeitiçado.


E depois de tanto tempo,
andando pra todo lado,
se sentindo livre, desapegado
reflete sobre o que alcançou
e se indaga por um momento.


Será mesmo que sou livre
por poder ir e voltar,
viver sem me preocupar,
com pessoas e/ou coisas,
pois ser livre nisso consiste?


E a conclusão a que se chega
é um tanto contraditória
pois puxando pela memória
livre foi para ir e vir
tal como sempre se deseja


Mas preso sempre esteve
e isto é uma verdade.
“Livre” para buscar a liberdade
percebeu que os grilhões dessa utopia
escravo de si sempre o manteve.



sábado, 10 de maio de 2014

Mitose discursiva

Falácias continuam passando por verdades, e as consequências são tratadas como causas.
Repito mais uma vez: ninguém é (ou pelo menos poucos são) a favor de crimes e nem defende criminosos. A "esquerda" luta contra o atual sistema que patrocina as injustiças que geram estes problemas. Os interesses envolvidos criam esses problemas mas se isentam da culpa. Aí criam um modo de "limpar as cagadas" que eles mesmos criaram e fazem parecer que o problema não foi criado por eles, mas a solução sim.
Lutar pela diminuição da maioridade penal, por penas mais duras para maiores ou mesmo a própria pena de morte é o que esta elite defende e faz o povo repetir para "legitimar" isto como se fosse a "vontade do povo". É sim a vontade do povo. Mas uma vontade plantada pela elite no seio do povo. Defender essas bandeiras é brincar de Dom Quixote lutando contra moinhos de vento, é lutar contra uma doença combatendo os sintomas e não a causa. Para agradar meus amigos de "direita" e dar um exemplo que possam compreender bem, citarei o Evangelho. Ao lado de Jesus dois ladrões foram crucifixados e mortos. Ou seja, o furto e/ou o roubo, que são crimes que não atentam diretamente contra a vida, eram punidos com a morte pelo Império Romano e mesmo assim os crimes não cessaram. No Brasil mesmo a pena de morte existiu até finais do século XIX, e mesmo assim os crimes estão aí e podeis, meus caros "direitistas", por conta deles, praticar sua verborragia e berrar aos quatro cantos o seu ódio.
O que me assusta não são os discursos apropriados e repetidos, mas a falta de coerência nos discursos. Não há análise do problema, muito menos a reflexão acerca do que está sendo dito, mas um simples reproduzir de uma ignorância tremenda em forma de jargões como se a solução para os problemas residisse tão somente ali, na repetição destes mesmos jargões.
Provavelmente alguns já estejam vislumbrando o cadafalso, pois dizer publicamente que este atual sistema é injusto, que a "bandidagem" é "culpada e vítima" ao mesmo tempo, pode ser considerado crime de lesa-majestade, punível com a morte. Mas como já disse. a pena para crimes não são impeditivos, mas punições para os mesmos. Pelo que impediria crimes ou diminuiria drasticamente a sua incidência vós não quereis lutar, meus caros amigos: lutar diretamente e ativamente para a diminuição das injustiças sociais. Preferis o comodismo da situação em que se encontram e o "direito" de expressar sua opinião tal como um papagaio. 

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Viiiixiiiiiii

Um caso ocorrido mais ou menos assim...

Em uma aula no primeiro colegial, eis que estávamos discutindo a formação de discursos que se pretendem verdade em nossa sociedade. Naquela sala, a mais lotada da escola, dizia-se que pouco se poderia produzir, o que sempre contestei. De fato, o elevado número de alunos dificulta um atendimento mais individualizado, o que pode comprometer o bom desempenho dos mesmos. Contudo, nunca tive problema (exceto com a voz) em dar aulas ali, tanto que é uma das salas em que a discussão acaba sendo mais produtiva (o que contraria a lógica).
Nesta aula, eis que apareceu um representante de uma editora querendo vender uma espécie de "kit do vestibulando"...
O cara, bem vestido e bem adestrado (uma vez que decorou um texto grandessíssimo), falou por cerca de 10 minutos sem sequer tomar fôlego. Naquele discurso incisivo, o rapaz, querendo convencer a todo o custo, disse que todos podem entrar nas melhores faculdades do país, desde que realmente se empenhem (e comprem o seu produto, obviamente), que tudo dependia deles mesmos.
Juro que tentei, mas não pude ficar quieto. Indaguei-o: - "o senhor acredita mesmo que basta eles quererem e se empenharem que conseguirão passar?". O rapaz prontamente respondeu que sim. Aí propus a ele o seguinte raciocínio: - "imaginemos que todos os alunos do Djanira Velho resolvam prestar, por exemplo, medicina na USP Ribeirão, e que para alcançarem tal objetivo todos comprem o teu material e percam noites de sono neste processo de preparo. Ainda sim o senhor acha que todos podem conseguir, bastando eles quererem, comprarem este material e se empenharem?" Mais uma vez ele respondeu que sim. Prossegui: - "então, meu caro amigo, pensemos: nesta escola existem 4 terceiros colegiais, todos eles com uma média de 32 alunos, que se somados obteremos o número de 128 alunos. Ocorre que na Medicina da USP, por ano, são abertas apenas 100 vagas. Isso nos leva a crer que mesmo que todos se empenhem e comprem o teu material, no mínimo 28 destes não entrarão na faculdade, concordas comigo?". Ele respondeu vacilante: - "Sim". - "Então também há de concordar que o que o senhor está falando para eles a respeito de que basta querer e se empenhar que conseguirão entrar nas melhores faculdades não é bem uma verdade, mas apenas um discurso muito difundido que acaba por escamotear um sistema desigual e imputar a culpa nos próprios alunos, não é mesmo?". Ele ficou em silêncio.
Os alunos aguardaram uma resposta que não veio. Depois de alguns segundos de silêncio do rapaz e alguns risinhos contidos dos alunos ele resolveu retomar o discurso, desta vez falando do preço e condições de pagamento. Ao final deste discurso, eis a maior das pérolas, a que realmente valeu a pena escutar e que me motiva a continuar a dar aulas, pois mostra que ainda é possível ensinar a refletir:
Uma de minhas alunas levantou a mão e perguntou: - "moço, o senhor fez faculdade?". O rapaz, perplexo com a pergunta, deu uma engasgada e respondeu: - "não". A menina se lançou novamente contra ele e o indagou: - "se o kit que estás vendendo é tão bom assim, por que, então, o senhor não o usou para conseguir entrar em uma? Vai ver ele não funciona tão bem assim". A sala soltou um sonoro "vixiiiiii". O rapaz, constrangido, sem preparo para lidar com aquela situação, gaguejando, respondeu de forma quase incompreensível, entregou uns formulários, despediu-se com um sorriso amarelo e foi-se embora.
Com sua saída a sala inteira pôs-se a discutir o que ele tinha dito e a apontar as incoerências em seu discurso, pondo suas afirmativas em confronto com a realidade.
O melhor ensinamento que um Professor de humanas pode dar aos alunos é o "ensinar a pensar".
Ensinando-os a questionar certamente eles mesmos passarão a notar as incoerências que os cercam, e consequentemente poderão lutar para acabar com essas injustiças.
Não vou negar que senti um certo pesar pelo constrangimento do vendedor, mas tampouco negarei que foi muito bom ouvir um aluno questionando assim e não comprando um discurso passivamente. Creio que este episódio será um daqueles que jamais esquecerei.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

WG: ame-o ou deixe a Câmara!


Em Ribeirão Preto até pela internet a Câmara Municipal está impedindo o cidadão de se manifestar. Estava vendo um vídeo do programa Café com o Presidente (https://www.youtube.com/watch?v=XsqEku_Mz7I) em que o vereador dizia coisas das quais discordei. Quando fui postar um comentário acerca de sua incoerência, eis que (tal como é possível ver na parte de baixo da foto) dizia que os comentários estão "desativados". Tentei, então, clicar em "não gostei", mas apareceu a mensagem "não é possível avaliar este vídeo" e em cima estava escrito em vermelho "inscreva-se". Identifique-se na Câmara; inscreva-se no canal da Câmara: o método para conter as vozes contrárias são os mesmos tanto no mundo real quanto no virtual.
No final das contas, opinião só para quem for a favor dos que lá estão usando da Câmara para atenderem interesses privados.
O impressionante é que no vídeo o presidente da Câmara ainda tem coragem de dizer que "Nós estamos aqui à disposição de toda nossa população". Toda a nossa população? Como assim? 


E por que, então, ontem ninguém foi responder às indagações dos manifestantes contrários ao presidente da casa? Por que somente deles foi exigido cadastramento, sendo que muitos adentravam sem serem cadastrados e sem revista alguma? Por que negam aos que ousam se manifestar contrariamente às arbitrariedades dos vereadores o direito a tribuna? Oras, ao negarem aos que se colocam contrários aos desmandos praticados o direito de falar na tribuna, restam a eles reverberar sua indignação das cadeiras. Qual foi a maneira de se desvencilhar desses manifestantes? Cadastrá-los. 
Essa decisão não é, tal como enfatiza o coronel, para dar mais segurança aos presentes, pois para quem frequenta a Câmara sabe que são os aliados e funcionários do presidente da casa os responsáveis pelo tumulto. Além do mais, já se impediu a entrada de manifestantes com máscaras;  já encheram a Câmara com a GCM (armada) e até com a PM; a Câmara está repleta de câmeras de monitoramento; se um manifestante cometer algum delito seria muito fácil identificá-lo. Essa decisão ultrajante tem como único objetivo a perseguição política: Identificar e perseguir mais ainda os manifestantes, ou então os impedirem de entrar. Esta gestão da Câmara, quer seja na portaria quer na internet, está criando uma espécie de DIP, de DOPS e de DOI-CODI. Como gritam os manifestantes: "a verdade é dura, em Ribeirão Preto existe ditadura". É notória a tentativa de se impedir a entrada dos que ousam lutar contra os desmandos dos vereadores, em especial do atual presidente da Câmara. Nota-se um verdadeiro "WG: ame-o ou dexe a Câmara!".
Em Ribeirão Preto podemos notar que o passado se faz presente, pois temos uma gestão marcada pela permanência do coronelismo dos primeiros anos da República; pelo controle da informação iniciado por Vargas; e pelas práticas repressivas aperfeiçoadas pela ditadura. Falta somente chegamos às torturas e exílios, pois o cadastramento, a tentativa de dar um "cala boca" e a perseguição política já tiveram início.



Imagens retiradas de:

Imagem 1:
https://www.youtube.com/watch?v=XsqEku_Mz7I

Imagem 2: 
http://www.jornalacidade.com.br/multimidia/fotosdodia/GFOT,0,3,14699,Manifestantes+sem+cadastro+sao+vetados+na+Camara+de+Ribeirao.aspx#1

sexta-feira, 18 de abril de 2014

O grito.

O grito que se forma no âmago d'alma
de pessoas que detestam injustiças
e desce do plenário ao púlpito feito enxurrada
tem sua gênese na forma torpe
com que alguns usurpam direitos
de outros que sequer sabem tê-los.

Ameaçada sua tirania pelos gritos
Um fazendeiro que cria humanos se defende:
convoca o exército azul
e mercenários que dele dependem
tentando continuar com os desmandos
sob a égide da ameaça e humilhação.

Dê ao povo o que é do povo!
é o grito insurgente
daqueles que em sua própria casa
por desmandos de tenentes
já não têm sequer a liberdade
de adentrar como bem queiram.

Impedir que o povo adentre
em uma casa sua por direito
Usar exército azul e capangagem
criar calúnias desse jeito
para calar os que têm coragem
de enfrentar vis ocupantes
se tornou prática comum nesta cidade.

Cáfila de sujeitos que dilapidam a cidade,
que por interesses privados
estupram a educação, violentam a saúde,
Não deveriam, pois, ser vós mesmos
imbuídos de tanto desprezo pela legalidade,
serem considerados malfeitores
e privados de entrar na casa que é nossa?

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Singelo convite

A falta de coerência presente nas matérias que tratam dos artefatos encontrados ontem na Câmara de Ribeirão Preto é gritante! Segundo a matéria veiculada na internet pelo jornal "A Cidade", os artefatos foram encontrados "após uma senhora denunciar 'atitudes suspeitas'". Se indivíduos suspeitos de fato tivessem escondido este tipo de artefato, estes deveriam ter sido abordados. Não o foram. Se de fato estes artefatos foram encontrados em uma moita, por que demoraram tanto para apresentá-los à imprensa, esperando que os manifestantes fossem embora para poder fazê-lo? Vais me objetar e dizer que somente encontraram tais artefatos depois da saída dos manifestantes? Achas mesmo que se um manifestante que escondeu tais objetos e não teve a oportunidade de usá-los, ao sair, não iria recolhê-los? É óbvio que iria. Vais me dizer que eles não o fizeram por medo de serem surpreendidos? Oras, eles teriam a coragem de sair das periferias da cidade portando tais artefatos sabendo que chegariam à Câmara e lá encontrariam policiais, mas teriam medo de fazer o caminho contrário? Isso beira o absurdo! Por que motivo eles deixariam tais objetos escondidos e não os recolheriam, sabendo que isso poderia servir justamente à causa do coronel? 
É evidente que o que se queria era poder mostrar à imprensa os artefatos sem a presença de nenhum manifestante, para que somente fosse veiculada a versão da Guarda e dos capangas do senhor presidente do Curral. Esta atitude serviria de duas formas: em primeiro lugar serviria para rotular os manifestantes como vândalos, baderneiros, sujando, assim, junto à população local, a imagem de um movimento legítimo que luta contra as arbitrariedades desta gestão, contra a falta de ética destes que ocupam os cargos políticos da cidade, e, principalmente, contra o modo como estes fazem uso da máquina pública para atenderem interesses privados; em segundo lugar, o "fato"  de terem "apreendido" tais artefatos durante a manifestação legitimaria a atitude arbitrária e repressiva adotada pela Câmara em revistar os que lá adentram, tentando, por meio de tal medida, evitar e/ou dificultar a participação popular.
É evidente a armação.





Dentro do plenário a coisa já estava armada para criar a imagem do protesto como algo feito por "baderneiros". A GCM (como podem ver pela foto), que estava fazendo papel de segurança particular dos vereadores, estava defronte aos presentes. Dentre os presentes haviam alguns que são conhecidos nas periferias da cidade por terem relações estreitas com o presidente do curral, sendo treinadores e/ou organizadores dos campeonatos de futebol que servem para angariar votos para o referido. Não quero entrar no mérito do direito destes indivíduos estarem lá, pois creio que seja direito de todos (inclusive deles) estarem presentes na Câmara. Contudo, o motivo de sua estada é torpe, hediondo, mesquinho, vil. Eles estavam lá somente para provocar briga, proferindo ofensas e até mesmo empurrando os que estavam contra os vereadores. O engraçado é que todos aqueles seguranças particulares pagos com dinheiro do povo não faziam nada para impedir que aqueles indivíduos tumultuassem daquela forma - até porque os vândalos deveriam ser os manifestantes contrários ao presidente da casa, e não os a favoráveis a ele, ainda que estes últimos se portassem como tal.
Como disse, estava tudo armado para difundir a imagem do movimento como algo feito por baderneiros que só querem atrapalhar o "bom andamento da Câmara". Como os sujeitos não conseguiram arrumar nenhuma encrenca que pudesse servir para uma fotografia manipulada da mídia (que certamente distorceria o ocorrido), coincidentemente foram apreendidos aqueles artefatos na situação já mencionada.
A falta de pessoas que se manifestem abrirá espaço para que esta administração dilapide mais ainda o erário público. É isso o que eles querem, é por isso que trabalham. Sujar a imagem de quem os denuncia e dificultar sua entrada na Câmara - que por sinal é do povo - é o que eles fazem para se livrar dos incômodos. 
Se não me julgas digno de fé por eu fazer parte dos "baderneiros", tentarei ser o menos parcial possível, e convidar-te-ei a fazer uma reflexão e uma experiência.
Reflita até que ponto os vereadores têm um verdadeiro compromisso com a população se permitem os desmandos da prefeita que culminam com a falta de professores nas escolas e de médicos nos postos de saúde. Perceba ainda que mesmo com esta situação calamitosa os mesmos aumentaram o próprio salário. Faça essa reflexão!
Faça ainda a experiência de ir à Câmara para ver se o que digo sobre os capangas não é verdade; se não são eles quem incitam brigas e iniciam as ofensas.
Não se pode confundir a violência do opressor com a reação do oprimido. A violência é praticada primeiramente por quem acusa os manifestantes de vândalos. Sem contar que um ovo é menos letal que bala de borracha e gás lacrimogênio!
Faça um pequeno exercício e note que a maioria das informações dadas pela imprensa partem de situações forjadas, que têm como objetivo caluniar os manifestantes, calar a voz da parte do povo que contesta para que a outra parte ainda calada assim se mantenha. Fazendo isso, no fim, o povo lutará contra o próprio povo, enquanto eles permanecem rindo de todos, protegidos por seus ternos e seguranças vestidos de azul.
Não podemos aceitar passivamente todas as notícias e informações que nos são apresentadas. Tudo deve ser questionado, inclusive este texto que ora escrevo. Por isso convido a quem o lê a fazer a experiência, para que vendo com os próprios olhos (e não os da imprensa e/ou os meus) possa tirar suas próprias conclusões.
É hora de acordar, de contestar, de questionar, de lutar, de mudar.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Ah, amigo meu!

  Ah, amigo meu!

Não imaginas como é duro
acordar de madrugada;
Sem ter água na torneira
e ainda ter longa jornada.

Nossa "perfeita" demagoga
anda toda enrolada;
É um belo mal exemplo
pois a tal não paga a água.

Pra ter casa não adianta
trabalhar desde manhã;
Tem de falar com a "perfeita"
e pagar à sua irmã.

Num contrato meio estranho,
numa tal licitação;
Uma empresa muito lucra
com o aperto no busão.

Se de carro, amigo meu
aqui quiser dar uma andada;
É somente a zona Sul
que não tem rua esburacada.

A "perfeita", coronela
eu não sei como se atreve;
Não cumpre lei nenhuma
E a saúde vive em greve

Nas escolas, meu amigo
eu te digo: é um terror!
Se lá alguma coisa falta
é o tal do professor.

Nessa cidade linda e rosa
a triste sina é da criança;
Vida boa só pr'aquele
com cargo de confiança.

Embora morto há muito tempo
algo de seu ainda existe
"Mísero Comes" cópia é
do velho Coronel Schmidt

Aqui a história ainda vive
de uma forma sem igual;
Vereador se reelege
com curral eleitoral.

Mas se você, amigo meu
se sentir indignar;
É porque não sabe ainda
que aqui tem Stock Car!

Mas segundo a "perfeita"
ainda existe esperança;
Pois a nossa salvação
é a seleção da França

De tal país a História pode
nos servir de inspiração;
Pra tirar toda essa corja
e mudar tudo em Ribeirão.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Justiça Quimérica

A sociedade me incomoda
ao apregoar certa justiça,
Com discursos que nos levam
a adotar uma mentira.

Fomentada por quem pode,
consumo vira objetivo.
Fetichização da mercadoria:
tem de comprar sem ter motivo

E o ser humano virou número,
numa lógica absurda, lamentável.
E aquele que não se adéqua,
se torna lixo, inútil, descartável.

Na sociedade de consumo,
TER ou NÃO TER é a questão:
Ou se vive como o dita a moda,
ou o destino é a exclusão.

A Tal justiça propalada,
diz que "todos são iguais"
Ser rico ou pobre, não importa,
advém de direitos universais.

Essa igualdade só consiste
no direito de comprar.
Pois só rico tem direito
de governar e de pensar.

Mesmo o consumo não é justo,
e pra cada classe tem lugar
Pois quando pobre vai ao shoping,
é proibido de entrar.

Na teoria: linda e bela,
mas que na práxis não se faz:
Justiça burguesa que garante,
vantagem à quem tem ricos pais.

Triste destino tem o pobre,
de várias formas coagido.
Trabalhar e continuar pobre?
ou tentar sorte e ser bandido?

É hediondo e absurdo,
e eu não sei como é que pode.
Tão cruel sistema ainda fazer
lutar pobre contra pobre.

Na obsessão de enriquecer,
bandido pobre rouba pobre vizinho,
que é mão de obra explorada,
e ganha pouco, bem pouquinho.

E o vizinho acreditando
que só o bandido que é o mal
Pede ao Estado, o "bonzinho"
que o trate feito um animal

Não sou louco, leviano,
e não aprovo tais condutas.
Mas digo que o Estado é
o maior culpado destas lutas.

Quando o Estado esquece o pobre
não dá saúde, lazer, educação,
para ser rico, que é o que se pede,
ou é mega-sena ou é ser ladrão.

Vais me objetar sobre o trabalho?
Direis que não posso me esquecer!
Mas tu conheces algum pobre 
que trabalhou e conseguiu enriquecer?

Vais me falar do Sílvio Santos?
E que não é só ele não?
Mas o discurso cria a regra
A partir de uma exceção.

Este Estado muito "justo",
que aos pobres tem se omitido,
Puni com pobreza quem trabalha,
e com prisão quem é bandido.

Mas o que o Estado não fala,
É que puni antes dos grilhões.
Desde que o pobre indivíduo nasce
E não lhe dá mais opções 

Banditismo e mendicância,
são efeitos de uma História
Em que rico governa e cria leis,
nas quais o pobre só se esfola.

Quado os poucos que percebem
essa armadilha bem armada
Vão à luta protestar,
e levam muita borrachada.

Tranquilo é ganhar um jogo
em que só eu que sei a regra.
As leis que classe rica cria.
servem tão somente à ela.

Quando o povo se der conta,
e perceber a tal mentira
Essa quimera ruirá,
e poderemos ter justiça.