sábado, 8 de dezembro de 2012

Massificação, Autonomia e Liberdade

           No primeiro momento tais palavras parecem simples demais. Todos já as escutaram e têm uma noção ainda que tênue de seus significados. Entretanto, quando se tenta explicar o que exatamente tais palavras significam normalmente encontra-se dificuldades, assim como se encontrará se o objetivo for descrever quais as implicações que cada uma destas palavras têm na vida do indivíduo e da sociedade a qual ele pertence e como estes as encaram.

Se formos analisar os conceitos existentes por detrás de cada uma destas palavras chegaremos à conclusão de que são conceitos “platônicos”: suas existências estão condicionadas à abstração.
A liberdade em sua forma plena é inalcançável ao homem. O mesmo vale para a autonomia, que segundo a definição dada pelo Minidicionário Antônio Olinto da Língua Portuguesa proporcionaria ao indivíduo a mesma condição que a liberdade pretende proporcionar.

Em relação ao termo massificação, este, embora não seja sinônimo de autonomia e liberdade, segue o mesmo caminho enquanto conceito.

Tais conceitos, então, somente existem plenamente com suas significações quando em abstrações; têm a necessidade de estarem acompanhados de outros substantivos para podermos notar sua existência empiricamente.
Se a liberdade em sua forma plena nos é inalcançável por estarmos sempre presos à necessidade de escolher entre duas ou mais opções, não podendo optar por todas ao mesmo tempo, a “liberdade de escolha”, consequentemente, acaba sendo a nossa maior liberdade e necessariamente o maior direito. Notemos que a liberdade somente existe dentro de limites previamente estipulados, no caso: a liberdade de "escolha".
Aceitando que autonomia é um sinônimo quase simbiótico de liberdade, segue necessariamente o mesmo caminho.

Massificação segue, pois, a mesma regra de autonomia e liberdade: a palavra por si só torna-se um termo vago, dependendo também de um substantivo para lhe dar limites de ação ou mesmo “autonomia” de ação: massificação dos comportamentos, das ideias, etc.

A noção que se tem atualmente em relação à massificação é pejorativa- e talvez não pudesse deixar de sê-lo. Entende-se por massificação algum estereótipo estabelecido por uma elite dominante cuja única função é tirar a liberdade de escolha e a autonomia dos indivíduos das sociedades, para que estes, alienados, adotem padrões que lhes são impostos e não consigam perceber tal imposição.
Aceitar que haja uma massificação de qualquer espécie em qualquer sociedade é crer que os indivíduos agem segundo determinações exteriores, sem qualquer possibilidade de fugirem a tais determinações. Entretanto, dentro destas determinações existe uma margem de liberdade por onde os indivíduos agem contrariamente a elas.

Todavia, se recorrer à ideia exterioridade de Durkheim parece equivocado, é justamente sua ideia de coercitividade que parece encaminhar os indivíduos rumo a massificação: um indivíduo que foge aos padrões impostos é rechaçado, isolado, discriminado, podendo sofrer atentados morais e físicos por não adotar tais padrões.

Entretanto, o fato de haver uma força coercitiva que impele os indivíduos a escolherem por algum padrão por medo das sanções que a sociedade possa impor ao “desmassificado” ou “desmassificador” não nega necessariamente a existência do direito de escolha dos mesmos.

Nota-se, então, que o conceito massificação é antagônico aos conceitos autonomia e liberdade, entretanto, estes formam uma dialética: os indivíduos têm a liberdade e autonomia para escolherem ser massificados ou não. A massificação tenta tirar a autonomia e a liberdade dos indivíduos, mas sem o conseguir.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia dos Professores.


Creio que hoje, dia 15 de Outubro, dia do Professor, seria uma boa oportunidade para dissertar um pouco a respeito do papel e da importância que este profissional tem na nossa sociedade e o modo como ele têm sido tratado, além de saber quem está desempenhando esta função vital.
Lembro ainda que esta reflexão tem por base conhecimento empírico adquirido no pouco tempo em que leciono, relatos de outros Professores (poucos, é verdade) amigos meus, conversas com professores que lecionam há muitos anos, e conversas com alunos a respeito do que acham da Escola.
Vale salientar que refiro-me principalmente à condição das Escolas Estaduais em Ribeirão Preto e dos Professores que nelas lecionam. Entretanto, como o salário, o reconhecimento e o governo que gerencia o funcionamento das escolas do Estado de São Paulo inteiro é o mesmo, creio que esta reflexão possa perfeitamente ser estendida à todo o Estado.

____________________________________________________________________________

Professor é aquele que professa.
Assim como os cristãos professam sua fé em um porvir próspero e cheio de felicidade ao lado do que eles afirmam ser o criador, o Professor também, ao transformar seu conhecimento em palavras e transmiti-las aos alunos, professa a estes o que lhes servirá de base para o futuro, consequentemente, também o de nossa sociedade.
Desta forma, desvalorizar o professor é o mesmo que desvalorizar o futuro de nosso Estado.

Creio que é praticamente consenso em nossa sociedade que a Escola é o lugar onde se deve formar o futuro da nação. Entretanto, tal discurso fica recôndito ao “politicamente correto”, haja vista que na prática a situação das escolas é calamitosa.
Basta passear pelas Escolas para se dar conta de que elas estão muito longe de alcançar os objetivos que normalmente lhes são atribuídos: são uma maioria de maus professores, maus funcionários, alunos descontentes, salas extremamente lotadas, etc.

Limitar-me-ei, pois, a opinar a respeito do porquê da baixa qualidade do Ensino nas escolas e ver a relação existente entre este mal ensino e os Professores.

_____________________________________________________________________________

Subverteram direito ao ensino acadêmico em obrigação ao mesmo. No caso do nosso Estado essa subversão se deu no momento em que foi implantada uma educação tecnicista disfarçada da Educação Libertadora e Conscientizadora proposta por Paulo Freire.
Daí que a crescente necessidade de mão de obra mais especializada fez com que o discurso de Paulo Freire fosse usado para ocultar a verdadeira intensão por detrás do “todos têm direito à Educação”: formar mão de obra, não indivíduos pensantes.
Essa necessidade subverteu, então, o “direito” inalienável a frequentar a Escola em “obrigação” a frequentar a mesma.
Essa obrigação é justamente o que gera a grande insatisfação entre os alunos, principalmente os adolescentes, pois muitos fatores tornam a Escola menos atrativa que outras coisas e lugares.

_____________________________________________________________________________

Como a Escola é voltada para formar mão de obra, não se tem a necessidade de colocar nela professores capacitados para conscientizar e libertar os alunos através do conhecimento. Assim sendo, o Professor acaba perdendo a sua função, ou tento diminuída a sua importância dentro da sociedade.
Não se reconhecendo na prática a importância do Professor, o resultado são salários irrisórios para o tamanho do trabalho que eles têm.

Quando a Escola era frequentada por poucos, os Professores também eram poucos, mas eram melhor remunerados e mais reconhecidos, pois sabia-se que nas mãos e no conhecimento destes estava o futuro daqueles poucos que se formariam. Estes poucos seriam a elite da sociedade (hoje em dia vemos isto nas escolas particulares, onde os melhores Professores lecionam devido ao salário, embora tampouco tenham tanto reconhecimento).


“Todos têm direito a Educação” significa que a população pobre também tem. Entretanto, todos terem direito não significa que o “Ensino” será o mesmo para todos.

Com a subversão do direito à Escola em dever de frequentá-la (mais uma vez enfatizo que é para atender a necessidade de mão de obra) os alunos de classes menos favorecidas foram forçados a frequentarem-na, fazendo com que elas sofressem um inchaço. O número de alunos cresce em progressão geométrica, enquanto o de professores capacitados sequer cresce.
O resultado disso é alunos com professores mal preparados, quando não desinteressados em ensinar.

Ocorre que no atual panorama de nossa sociedade, onde é ávida a busca pelo dinheiro, muitas pessoas ingressam em uma licenciatura como se fosse ensino técnico, simplesmente pensando no salário, que embora seja pouco para um verdadeiro e bom professor, é muito para uma pessoa que somente pensa no dinheiro e que estaria ganhando R$ 800,00 em um outro emprego qualquer.

A lógica que acomete a Escola é: “que se fodam vocês, alunos! Eu já tenho meu diploma e meu salário cairá em minha conta quer vocês aprendam, quer não!”

É um ciclo fechado e vicioso: professor desvalorizado se empenha menos, forma alunos incapazes que depois se não arrumarem serviço “melhor” se voltam para o Estado para dar aulas e ganharem um pouco mais, estes formarão mais alunos incapacitados que repetirão o processo.

Infelizmente, vendo o modo como são tratados os Professores, mesmo aqueles que vêem na profissão apenas um “emprego melhor”, o futuro do nosso Estado não é muito animador.

Entretanto ainda há alguns professores que conseguem fugir a esta lógica terrível.
Os bons professores que ainda restam deveriam ser chamados de "SUPER PROFESSORES HERÓIS", ou "SUPER HERÓIS PROFESSORES"!

AVE, RAROS BONS PROFESSORES, A VOCÊS SIM FELICITO COM UM "FELIZ DIA DO PROFESSOR"!!!!!!


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Vale a pena tentar.


A eleição para a Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, obedecerá ao princípio da representação proporcional na forma desta lei (Código Eleitoral Brasileiro, art. 84.)


Em uma eleição para Presidente, Governador e Prefeito, o voto é direto e tem duas funções: serve para incluir um candidato ao passo que exclui aos demais. Se o candidato votado por um indivíduo for eleito, logo, os demais não o serão.
Entretanto, no caso dos vereadores não ocorre o mesmo, pois se o candidato votado por um indivíduo for eleito nada impedirá que os demais rejeitados sejam também eleitos. Os cidadãos têm direito a votar em apenas um postulante à Câmara, entretanto, no caso de Ribeirão Preto, foram 22 os eleitos. Isso significa que o voto perde em importância, pois não se tem o direito de se votar diretamente para eleger todos os 22 que lá estarão. 

Entretanto, se o modo como é disposta a eleição dos vereadores nos dá uma certa incapacidade de impedir que alguns maus políticos se perpetuem na Câmara, há outras formas pelas quais podemos agir e que são previstas na Constituição. Mas antes, pensemos:

Levamos, primeiramente, em conta o fato de que votamos em apenas um vereador dos 22 que comporão a Câmara.
Constatemos, também, o fato de que não foi a maioria absoluta da cidade quem os elegeu.


Segundo o site do Tribunal Superior Eleitoral, estão devidamente inscritos e com pleno direito de votar na cidade de Ribeirão Preto 419.435 cidadãos. Dentre estes, 336.780 exerceram esse direito no pleito de 7 de Outubro de 2012.
A soma dos votos recebidos pelos vereadores eleitos no referido pleito é de 103.931.
Se considerarmos a soma destes votos com o número do eleitorado da cidade, veremos que todos os vereadores eleitos, juntos não obtiveram sequer 25% dos votos.
Ainda que façamos a comparação com o número dos eleitores que compareceram (336.780) os vereadores eleitos não obtiveram sequer 40% dos votos.

O senso comum diz que votos brancos e nulos são formas de protesto, são uma mostra de que há uma grande insatisfação popular face ao atual panorama político.
Assim, se entendermos os votos brancos e nulos como protesto, veremos que o número deles chegou a 39.617, número que é mais de quatro vezes maior que o número de votos que o vereador mais votado obteve: 9.416

Definitivamente os vereadores não contam com o aval da maioria da população da cidade.

Vejamos, pois, algumas coisas contidas na Constituição:


todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição.”(Constituição Federal, art.1, §único)

Também está escrito:

qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e
do ônus da sucumbência( Constituição Federal, art. 5, LXXIII)


A soberania popular será exercida (...) mediante: (...) iniciativa popular. (Constituição Federal, art. 14, III)

Tendo em vista a grande insatisfação da sociedade para com o resultado do pleito, é lícito, como preveem os artigos 5 e o 14 da Constituição Federal, iniciar uma ação popular para a retirada dos vereadores que julgarmos necessário, uma vez que a maioria do povo, que segundo a própria Constituição é soberano e é de onde provém o poder de nossa República, repudia tais candidatos. A permanência destes vereadores no poder deve ser interpretada como algo que é contrária a soberania do povo, logo, algo lesivo ao patrimônio público!

Todavia, para que se legitime e se sobreponha a soberania popular frente à estes vereadores, necessária se faz uma mobilização organizada e que demonstre por algum viés que o povo não está satisfeito com o resultado da eleição, justificando a saída dos que julgarmos inadequados aos nossos anseios.

É óbvio que o Estado cria maneiras de manter o status quo, entretanto não custa iniciarmos uma campanha para recolher assinaturas dos cidadãos que votam em Ribeirão Preto - que em sua maioria, como ficou evidente, não votou nos que lá estão- e tentarmos tirar esta corja que desdenha da população!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Particularização de obras e "caridade ao povo"


Uma constante durante períodos de campanha política são as frases "eu fiz isso! Eu fiz aquilo!". Outra constante é a listagem que os políticos fazem de suas "caridades" destinadas à população.

Vamos pensar um pouco!

As obras não são caridades feitas por políticos, são (ou deveriam ser) antes de mais nada, soluções que os eleitos pelo povo deram às necessidades da sociedade. As obras de melhorias são um direito nosso, dever dos políticos.
Não foi a prefeita quem fez, mas nós mesmos por meio dos impostos (altíssimos, diga-se de passagem) que pagamos durante o ano todo. Ela somente executou porque seu cargo público o requer.
De onde saiu o dinheiro não importa, é nosso do mesmo jeito, sendo ele federal, estadual ou municipal. Lembre-se de que estes políticos parasitas estão recebendo muito bem para fazer isso. Sem contar no dinheiro que desviam das fraudes existentes nas licitações e de outras maneiras (vide o caso da COHAB).

Já quando alguém recebe uma cesta básica ou qualquer outro "favor" de político (expediente usado pela prefeita e por outros políticos) não está sendo ajudado por ele, mas prejudicado (inclusive a cesta básica é a "caridade" mais praticada por políticos). O que ele deveria fazer como político  seria criar condições para que esta pessoa possa ter seus direitos básicos como Educação, Segurança e Saúde assegurados. Deveria criar um Estado que realmente funcionasse.
Estas cestas básicas aliviam o problema, mas não o resolvem. As pessoas por desconhecerem seus direitos acreditam que o político é "bonzinho" por dá-las, e neste pensamento equivocado acabam por gratidão votando nestes pulhas. Criou-se aí um curral eleitoral!!!! Isto é resquício do coronelismo que um dia houve em Ribeirão.

Políticos que cedem cestas básicas ou que personalizam uma obra pública são desprezíveis, estão abusando da boa fé dos cidadãos. Estão reformando nossas casas com dinheiro nosso e fazendo-nos acreditar que foram eles quem pagaram a conta com dinheiro deles por caridade e compaixão. Não merecem nosso voto, mas nosso repúdio.

Vale a pena pensar a respeito!

domingo, 16 de setembro de 2012

Estado Laico e livre arbítrio.


Um equívoco corriqueiro que acomete alguns religiosos é o concernente a associação feita entre Estado Laico com Estado “Ateu” e malígno.
Afirmam que o Estado Laico é um Estado Ateu por não ter por oficial nenhuma religião.
Baseados numa doutrina dualista onde somente existe bem e mal, um indivíduo que não é religioso (“do bem”) é necessariamente do mal. Ou seja, o Estado Laico, por não ostentar nenhuma religião, é situado necessariamente entre o mal.
A mesma teoria se aplica ao modo como eles interpretam os ateus. Por estes não acreditarem em deus são diretamente tidos por “parceiros do capeta”. Oras, se alguém não crê em uma entidade metafísica e inteligente que rege o físico, como pode acreditar no antagonista do que não crê? Pior ainda, como pode ele pactuar com o que não acredita?

Ultimamente, baseado nestas ideias, grupos religiosos tem cada vez mais se organizado politicamente. Um amigo católico, participante de um destes grupos, disse que pretendem em pouco tempo eleger um bom número de candidatos para acabar com o Estado Laico.
Segundo este amigo: “nós queremos dar o que há de melhor para quem amamos, por isso temos de entrar na política e impedir que os evangélicos tomem conta, assim como impedir que os ateus que defendem o Estado laico façam coisas erradas”.

Uma das coisas que este grupo católico mais prega em seus encontros é o tal do “livre arbítrio”. Segundo o que afirmam, livre arbítrio seria o direito inalienável de escolha concebido aos homens por deus.

O problema é que as ideias políticas deste grupo divergem totalmente do conceito de livre arbítrio pregado por eles.

“nós queremos dar” significa exatamente que os que ganharão não terão a chance de escolher. Nem sequer se perguntam se os que ganharão precisam mesmo daquilo, ou se querem realmente aquilo. O que será dado já está pré-definido. Será uma imposição feita a “quem amamos”.

Isso sem contar a discriminação existente contra os protestantes: “temos de entrar na política e impedir que os evangélicos tomem conta”. (Provavelmente o pensamento dos protestantes em relação aos católicos esteja permeado pelo mesmo ideal.)

O Estado Laico acaba dando a oportunidade de que os cidadãos pratiquem o “livre arbítrio” muito mais do que as religiões deixam seus fiéis. 

Um Estado Laico não é um Estado onde não se pode praticar religião. Pelo contrário. Ele somente não elege uma por oficial.
Um Estado que tem uma religião oficial torna ao mesmo tempo as demais religiões ilegais. Vide exemplo da Igreja Católica enquanto atrelada aos Estados.
Se o Estado deixasse de ser laico e adotasse uma religião oficial seria aberta uma perseguição contra as demais. Os cidadãos perderiam seu livre arbítrio, não poderiam escolher sua própria religião. Ou se acataria a oficial ou praticaria uma outra escondido sob risco de algum tipo de pena se descoberto.
O que o Estado Laico fez foi tirar a religião do âmbito público, ou seja, deixar de usá-la como ferramente para manter a ordem pública e transferi-la para o âmbito privado. Assim cabe ao cidadão escolher qual religião quer seguir e se quer seguir alguma.

A imposição de uma religião em detrimento das demais é um atentado contra o livre arbítrio.
Àqueles que dizem “amar ao próximo” deveriam entrar na política pensando no ser humano, no bem social, sem fazer distinção de credo religioso, como prevê a constituição do nosso Estado, que por sinal é LAICO.

domingo, 1 de abril de 2012

Eis o nosso legado.

A colonização do Brasil foi marcada pelo isolamento e dispersão. Era um território imenso e pouco povoado, marcado pela agricultura de exportação.
Isso não quer dizer, necessariamente, que somente houvesse grandes propriedades e que somente se produzisse para a exportação, havia sim outras propriedades menores e que produziam para subsistência e abastecimento do mercado interno. Todavia, o sistema de plantation marcara mais a fisionomia do Brasil durantes muitos séculos.

Essa dispersão não facilitava nem a Coroa portuguesa nem a Igreja um controle das práticas dos colonos, pois devido à distância e à precariedade da Colônia estes não se faziam tão presentes tal como na Europa. Assim, no Brasil, formou-se um tipo diferente de catolicismo e a lei que valia era a que cada um criava para reger sua propriedade. Sem contar que além dessa dispersão e ausência de poderes para regular a vida dos colonos outros fatores impediram que o Brasil tivesse uma unidade cultural: a grande convivência entre culturas totalmente distintas e a pouca comunicação entre as diferentes províncias.

Os reflexos desta formação do Brasil são sentidos ainda hoje.

Com relação à miscigenação, naquele vasto território pouco habitado, várias culturas tiveram contato entre si.
Normalmente diz-se que na época da Colônia houve uma miscigenação e um contato basicamente entre três culturas: europeia, indígena e africana. Todavia isto é uma generalização que não é correta, pois dá a entender que todos os indígenas, assim como todos os negros, tinham a mesma cultura. Dentre os indígenas que tiveram contato com os portugueses em todo o território havia grandes diferenças culturais entre eles. O mesmo vale para os negros advindos da África. Nota-se tanto pela fisionomia quanto pelos costumes que na África havia uma pluralidade cultural muito grande.
Entre os próprios europeus havia culturas diferentes. É evidente que havia uma maioria de portugueses, entretanto, muitos judeus recém convertidos ao cristianismo tiveram por aqui, e tudo leva a crer que não necessariamente deixaram a fé judaica de lado totalmente, até por conta da falta de fiscalização religiosa.
No fim do século XIX houve, com o fim da escravidão, outra miscigenação impactante no Brasil proveniente da chegada de colonos de diferentes partes da Europa e até de japoneses para substituir a mão de obra escrava.

A falta de comunicação entre as províncias teve dois motivos mais evidentes: uma estrutural, devido à distância e a falta de estradas que as interligassem, além da inexistência de aparelhos de comunicação à longa distância, incluindo serviço de correio; e outra legal/econômica, pois a Coroa, com o intuito de preservar os interesses dos que detinham o monopólio do comércio com o Brasil, por vários decretos dificultava o comércio interno, além de que o pacto colonial previa que a Colônia deveria gerar lucros para a metrópole. Daí que o sistema de produção de cada província era quase inteiramente baseada  no plantation, e este sistema é voltado totalmente para exportação. Com isso cada província mantinha relação direta com Portugal, e quase nula entre si.
A maior exceção são os bandeirantes que rasgaram o território da Colônia atrás de riquezas naturais e que acabaram fazendo comércio de vários tipos, incluindo o de escravos indígenas, entre as províncias.


No caso da religião, naquela época não havia uma repressão intensa, tal como havia na Europa, sobre os colonos para fiscalizar suas práticas religiosas nem para impedir que ritos de outras culturas se mesclassem com o catolicismo. Sem o controle efetivo da Igreja e a falta de padres para atender a todas as regiões ficou a cargo de leigos a celebração de ritos e missas, e isso gerou uma forma toda particular de catolicismo.
Nota-se que ainda hoje é comum os líderes e participantes viverem duas vidas: uma dentro e outra fora das igrejas. Recriminam-se determinadas atitudes dentro das igreja, mas estas mesmas são tomadas fora delas. E isso não é somente entre os católicos.
Nota-se também os reflexos da falta de controle da Igreja e do modo diferente de catolicismo criado no Brasil quando se vê algumas práticas como: folia de reis e o escapulário, que são carregados da mescla com as culturas indígena e africana respectivamente, e até mesmo o Carnaval, que é bem diferente do Carnaval europeu.
O modo peculiar brasileiro de “trazer para dentro de casa a Igreja” através das capelinhas e o modo como os santos viraram parte da família, chegando até mesmo a sofrer castigos- principalmente o coitado do Santo Antônio- também são resultados dessa falta de presença da Igreja e de seu controle sobre as práticas dos colonos.

Já no caso da leis a mesma falta de controle sobre as ações dos colonos que afetou a Igreja também se fez presente com relação à Coroa portuguesa. Desde as capitanias hereditárias, quando a Coroa deu aos capitães carta régia que lhes atribuía o privilégio e o direito de reger cada um por sua conta as leis e regular a criação de cidades que o Brasil tem leis particularistas.
Mas esta prática de leis particularistas em detrimento das leis do Estado não se restringiu somente aos donos de capitanias e posteriormente de sesmarias. Esta prática se estendeu a todos os cantos deste grande território pouco povoado. Com a dispersão e o isolamento, junto com o milenar machismo, o que se viu no Brasil foi a implantação de “uma lei em cada lar” criada e sustentada pelo pai e chefe da família. Estas leis particularistas eram criadas e as punições às transgressões eram feitas de acordo com o entendimento dos chefes de família justamente pela ineficácia no controle e repressão a estas práticas por parte da Coroa.

Este isolamento fez com que no Brasil as relações se dessem muito mais no âmbito particular do que no público, daí a explicação para formas tão particulares de religião e leis, assim como a falta de relação entre as províncias e a miscigenação de diferentes culturas nas diferentes regiões do Brasil explica a inexistência de uma cultura única e um sentimento nacionalista.

Quando o Brasil começou a se tornar urbano o particularismo já estava arraigado em sua população. Criado no âmbito rural e particularista, com culturas extremamente distintas, praticamente desconhecendo a esfera pública,  o que se viu na formação das Câmaras Municipais foi que o espaço que deveria servir para discussão de assuntos públicos tornou-se uma extensão dos negócios particulares, privados.

A corrupção tem sua raiz na formação do Brasil.
O que é a corrupção senão o uso do espaço público para atender a interesses privados?!? A venda de votos para a aprovação determinados projetos, o pagamento de propinas e o desvio de verbas públicas não seriam exatamente alguém que deveria zelar pelo bem da coletividade se aproveitando do cargo que ocupa em benefício próprio? Não se evidencia aí o caráter particularista em que se formou o Brasil?
Falando em particularismo e corrupção: parar o carro em local proibido, ainda que só "um minutinho" somente para não ter de procurar outro local que seja lícito, sem se importar se isso pode atrapalhar outrem, também não é corrupção? Não significa isto a priorização do individual em detrimento do coletivo e aquela autonomia de fazer as próprias leis?

Isso tudo explica o porque a Câmara Municipal de Ribeirão Preto esteve cheia nesta ultima terça-feira. Não havia ali- exceto alguns poucos que protestavam contra o aumento do subsídio dado aos vereadores- pessoas zelando pelo interesse público. O que se viu foi, tanto da parte dos vereadores quanto dos servidores públicos, um embate pela defesa de interesses particulares. Uns cuidando de aumentar o próprio salário enquanto os outros cuidando para que o seu também fosse aumentado. Tudo no âmbito do particular, nada no público.
A “não ida” de outros setores da sociedade naquela seção da Câmara também evidencia o caráter particularista de nossa sociedade. Pois o fato daquela seção não acarretar materialmente um benefício direto aos outros grupos fez com que estes não ajudassem os servidores municipais, que por sua vez nunca ajudaram outro grupo pelos mesmos motivos.
Aí evidencia-se além do caráter particularista o caráter regionalista ou bairrista, que também é fruto da formação do Brasil.

A formação do Brasil explica: o porque hoje o lado comunitário é tão fraco; porque o espírito crítico do brasileiro é tão pequeno; porque há leis que pegam e leis que não pegam; porque as religiões servem apenas de mascaramento social, dado que seus fiéis não seguem firmemente os preceitos estipulados por elas fora das igrejas; e o porque da corrupção no Brasil.

Formou-se no Brasil uma espécie de cidadão que: é autônomo para escolher quais leis servem e quais não servem para serem seguidas, mas ao mesmo tempo totalmente dependente do assistencialismo do Estado; um cidadão que se enoja com as práticas dos políticos sem se dar conta de que padecem dos mesmos “pecados”; um cidadão que não consegue enxergar como um benefício algo feito em outro lugar que não em sua freguesia, e que portanto somente luta por aquilo que diretamente o beneficiará.
Este tipo de cidadão não consegue uma verdadeira união nem dentro do próprio bairro, quanto mais dentro de um município, justamente por estes motivos citados.

Somente há uma escolha a ser feita: mudar, pois replicar, dar prosseguimento, continuar com isto já provamos que sabemos fazer bem!

sábado, 17 de março de 2012

Apenas uma pequena revolução.

Estes aí são os vereadores da Câmara Municipal de Ribeirão Preto.
Não sei se todos sabem, mas se não sabem ficarão sabendo: eles aumentaram o próprio salário de maneira obscura, sem que a população ficasse sabendo além de terem aumentado o número de vereadores de 20 para 27.
Um número maior de vereadores significa maiores gastos para os cofres públicos. Consequentemente sobrarão menos recursos para outras áreas como Ensino e Saúde.
Este aumento no número de vereadores não passa de uma artimanha para que os que já fazem parte da Câmara tenham maiores possibilidades de se reeleger.
Não fosse a mídia veicular tal aumento, nós teríamos mais vereadores e sequer saberíamos.
A veiculação desta notícia fez com que a população, embora de maneira tímida, se indignasse com a atitude dos vereadores em aumentar as cadeiras na Câmara, e isso em ano eleitoral é uma péssima propaganda para os vereadores que procuram a reeleição.
Daí que criou-se um meio de diminuir o impacto desta ranhura que causou tal decisão: os vereadores aprovaram por unanimidade um projeto visando um plebiscito para saber a opinião da população.
Oras, se o aumento não era bom para a cidade por que os vereadores aprovaram anteriormente? Foram eles mesmos que propuseram e votaram favoravelmente ao aumento d número de vereadores!

Agora com a proporção que tomou tal notícia querem diminuir a má impressão que deixaram nos cidadãos.

Este plebiscito não passa de mais uma tramoia, tal como foram a que aumentou o salário dos vereadores e a que aumentou o número de vereadores na Câmara ribeirão-pretana. Eles querem a todo custo limparem suas imagens perante a população.

Repito: não fosse a mídia veicular a notícia do aumento de vereadores e eles estariam comemorando o aumento de suas chances de reeleição. Sequer pensariam em plebiscito.
Lembrando que o plebiscito não anula nem veta a decisão outrora tomada de aumentar o número de vereadores.

Portanto, caros amigos, proponho uma vingança contra aqueles que somente lembram-se de nós em tempos eleitorais, que tomam o espaço público como se fosse privado.

Proponho que não votemos nestes atuais vereadores para que não desfrutem desta tramoia feita por eles e para eles.
Não deixemos que se reelejam!
Vinguemo-nos de quem não nos tem por importantes!
Façamos uma revolução justa. Esta é a única que surtirá efeito!
Protesto nas urnas, com o voto!
Uma mudança de 100% dos vereadores mostrará que temos consciência das fraudes deles e queremos mudança!
Não vendamos nossa dignidade!
O valor de uma dentadura ou de uma cesta básica é menor do que o valor do aumento que eles mesmos se concederam!

sábado, 21 de janeiro de 2012

A verdadeira arma.

Em uma sociedade sábia onde prevaleça a honestidade e a justiça as pessoas brigarão para não assumir cargos políticos. Cada indivíduo saberá que ocupando tal cargo qualquer erro de decisão resultará em problemas para várias pessoas que não somente ele próprio. Nesta sociedade saber-se-á que exercer um cargo político será sinônimo de grande responsabilidade, e não de grande privilégio, tal como é hoje encarada a política. Os indivíduos terão medo de exercer tais cargos, pois os honestos e justos temem fraudar e prejudicar outrem.
Nas antigas cidades onde hoje se situa a Grécia, principalmente em Athenas, berço e único lugar onde até hoje se alcançou a democracia- que até hoje é perseguida por muitas sociedades e até então não foi alcançada- surgiu como uma forma de dividir entre todos os cidadãos a responsabilidade pelas decisões.



O caminho para se alcançar tal sociedade passa pelo conhecimento pleno da política. Somente pode-se arrumar uma máquina quebrada conhecendo  plenamente seu funcionamento.

Todos os cidadãos, pois, deveriam se interessar mais por política, conhecer como são tomadas as decisões. Decisões que até então têm prejudicado a grande maioria.

Enquanto a população não conseguir enxergar que é no conhecimento que está a única e verdadeira arma para se mudar qualquer situação, será sempre arrastada e usada para consolidar os planos de quem o detém. Ela sempre terá participação fundamental em grandes mudanças, mas como simples peões manipulados, e a mudança que ocorrerá será a de quem governa e não a mudança da situação da população. Ou seja, o grupo que não está no poder o conquistará; o que está cairá e ocupará a posição deixada por aqueles que lhes tomaram o poder: “esquerda/oposição”; e neste meio a massa permanecerá com sua situação inalterada: explorada e alienada.

Portanto, o único meio de se fazer uma mudança que surta efeito é por meio do enriquecimento intelectual da população.
Essa população tem de ser capaz de criticar e entender a si mesmo e como se dão os mecanismos que regem a sociedade. De outra forma, sendo simples propagadores de ideias sem que se entenda do que se tratam e o que podem causar, só por parecerem boas e nobres, estarão simplesmente ajudando a mudar os governantes, não a própria situação.

Para se mudar a política deve-se entender de política. Para se mudar uma sociedade deve-se entendê-la profundamente. Para se entender a sociedade e de política deve-se estudar, conversar, debater sobre estes assuntos. Depois disso, entre todos, traçar o rumo para o qual toda a sociedade deve convergir.


"Uma mudança profunda na sociedade passa por uma mudança profunda nos valores e ações de cada indivíduo."

"Conhecimento: a única arma verdadeiramente eficaz."

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A Sopa.

Atendendo a sugestão, eis o texto:


A tal lei discutida pelos políticos norte-americanos que se aprovada infringirá grandes mudanças na internet gerou grande polêmica, tanto pelos lados de lá, como pelo restante do mundo.
Olhando algumas reportagens, tal como alguns comentários na internet, a discussão em torno desta lei chamou-me a atenção.
Para variar me vi disposto a ir contra a opinião aceita pela grande maioria dos internautas (onde vi as notícias e comentários)
Os que se colocam a favor de tal lei afirmam que esta somente visa combater a pirataria na internet, buscando se fazer cumprir a lei que rege os direitos autorais.
Os contrários afirmam que esta lei visa mais que isso: visa censurar os indivíduos.  
Esta ultima vertente de interpretação é quem fomentou a maioria esmagadora dos protestos. Muitos foram os sites que saíram do ar em forma de protesto. Aliado a estes sites, muitos indivíduos lançaram mão de campanhas pelas redes sociais sendo contrários à lei.

Esta discussão entre os políticos e os grandes sites da internet vai além dos argumentos expostos por ambos os lados, e mais uma vez o povo sem conseguir raciocinar sobre o que ocorre em sua volta segue o lado de quem veicula um maior número de notícias e posições em relação ao tema.
 Neste caso a maioria ficou a favor dos grandes sites, contrárias à lei “contra pirataria na internet”.


É fato que do lado dos a favor da lei existe grandes interesses econômicos. Isto é inegável.
Todavia, esta lei que daria um maior poder ao Governo norte-americano de invadir, retirar e proibir a circulação de alguns sites em seu território visa um melhor meio de fazer cumprir outra lei: a dos direitos autorais.
Todos os sites que “compartilham” algo com direitos autorais que não pertencem a ele sem autorização, ferem tal lei e estão sim praticando pirataria.
Li, durante uma discussão a respeito deste mesmo assunto, um argumento que dizia que pirataria consistia em copiar e lucrar com marcas registradas que não pertencem ao copiador, e que os sites não copiam nada, somente compartilham, e que não lucram com o compartilhamento.
Acaso não estão estes sites repletos de propagandas? E estas propagandas não geram lucro ao dono do site?
Dentro de minha ignorância, creio que empresas somente anunciam em sites cujo número de acessos seja grande. Creio também que o que move as pessoas a adentrarem nestes sites é a facilidade e economia/gratuidade que encontram para baixar conteúdos que de forma lícita custariam caro.
O ciclo acaba sendo este: os sites disponibilizam facilmente, ilicitamente e de forma gratuita conteúdos com direitos autorais que não lhes pertencem; as pessoas entram no site devidos à estas facilidades em adquirir gratuitamente e de forma ilícita conteúdos que custariam caro se comprados licitamente; as empresas notando que  determinado site tem um grande número de acessos começa a anunciar nele; o dono do site ganha dinheiro com tais anúncios. Sendo assim, como não dizer que estes sites não exploram marcas que não lhes pertencem se são estas mesmas marcas que atraem as pessoas, que atraem os anunciantes  que geram lucro ao dono do site? Utilizar marcas que não lhe pertencem não caracteriza pirataria?

Tal argumento somente não serve para algum site que porventura não ganhe dinheiro com a exploração destas marcas, cujo particularmente não conheço nenhum. Sites desta forma poderiam, ainda sim com ressalvas, protestar contrariamente a esta lei.

Muitos outros ainda afirmam que a pirataria somente existe devido aos preços absurdos praticados por quem detém os direitos autorais. Mas será mesmo que é por isto que existe pirataria ou será que é porque os indivíduos preferem fazer transações ilícitas e fáceis ao invés de se digladiar em uma luta árdua dentro das leis?
Para a maioria é preferível transgredir as leis para se obter facilmente o que quer  do que lutar dentro dela para conseguir o mesmo com trabalho maior.

Os contrários à lei afirmam que lutam pelo direito de expressão, que segundo eles será tirado pelo governo.

Será mesmo que isto é uma censura?

Até então eu não vi nenhuma menção com relação ao impedimento de qualquer indivíduo escrever o que pensa, ou mesmo de postar um vídeo próprio na internet. Somente faz menção aos vídeos e outras coisas cujos direitos autorais não pertençam a quem posta.
Se acaso o direito de se expressar , ou de postar um vídeo  ou qualquer outra coisa do gênero for tirado, aí sim será motivo para alarde. Todavia, até então não é o que se mostra.

Os próprios sites que protestam e se dizem “defensores” do direito de expressão, contrários à censura, e acusam os favoráveis a tal lei de estarem transgredindo tal direito de expressão devido a fins econômicos, na verdade lutam pelo mesmo motivo. O que move estes protestos é o simples fato destes sites vislumbrarem perdas econômicas.
E quem segue tais protestos também lutam pelo mesmo motivo, embora em menores proporções. Lutam pelo direito de continuar a conseguirem de maneira ilícita e fácil conteúdos que custam caro.

Tal protesto visa o “direito de burlar a lei”. Não julgo ser idôneo. Pois a lei que está em votação tem o intuito de facilitar o cumprimento de outra.

É fato que é absurdo os preços pagos para se adquirir de forma lícita os produtos que de forma ilícita e gratuita são adquiridos em tais sites que os pirateiam, mas não vejo na corrupção ao desacatar a lei a solução para tal problema.
Tampouco as leis são perfeitas. Contudo, quando uma lei não estiver condizente com o senso de justiça, temos o direito e dever de maneira racional protestar para que tal lei seja revogada. Seria um protesto e mobilização dentro da lei para mudar a própria lei.


 
Seria demasiadamente difícil  e demorada, mas há uma maneira, que de forma legal, poder-se-ia mudar tal panorama.
Se todos deixassem de comprar CDs e DVDs, deixassem de ir ao cinema, assim como qualquer coisa cujo o preço seja absurdo, por um largo período de tempo, e não recorresse aos meios ilícitos, dois problemas poderia acabar de uma só vez.  A velha “lei da oferta e procura” faria com que os preços caíssem, e a falta de procurar acabaria com a pirataria.

Todavia, a solução por este viés é quase impossível com o atual panorama de nossa sociedade.
A população tornou-se, em sua maioria, corrupta, preferindo a ilegalidade em detrimento a legalidade.




Sendo assim: bom download a todos!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O "rebanho" de deus.

Ignorância é a alienação da qual a maioria compartilha. Quem não entende como se dão as relações interpessoais em seu ambiente, não compreende os mecanismos que mantém o status quo, e não tem condições de criticar a si próprio e sua cultura, vive em completa ignorância.


 Não há problema nenhum em criticar e questionar a existência do deus cristão. Ele existe para quem crê e não existe para quem não crê.


 A fúria dos cristãos- que muitas vezes está disfarçada de dó e piedade, e até mesmo de compaixão e amor- contra quem questiona a existência de deus, ou contra as demais religiões, nada mais é do que indício desta alienação. Tudo quanto foge da doutrina cristã tende a ser satanizado. É exatamente esse pensamento criado e difundido pelos líderes da igreja, visando o monopólio de deus para a igreja católica, que fomentou a caça as bruxas, as cruzadas, conflitos entre católicos e protestantes, e outros conflitos mais.
Da mesma forma ocorre com os fiés de todas as religiões contra aquilo que não é de sua doutrina.


O que as religiões fazem é tentar monopolizar a verdade divina.


 As religiões não querem a liberdade dos homens. Muito pelo contrário. Elas querem mantê-los ignorantes e presos. Assim os líderes mantém o poder sobre tantas pessoas. 


O ser humano é religioso por natureza. O que os líderes das religiões fazem é estereotipar a ideia de deus. Eles fazem com que todos os fiéis criem sua entidade divina a partir das características dadas por eles. Assim, com os indivíduos acreditando que deus é aquilo o que a religião afirma ser, e que este é exterior ao próprio indivíduo, a religião torna-se necessária para estes indivíduos alcançarem contato com esta divindade.


Desta forma, os líderes religiosos, que em sua maioria sabem da verdade, transformam religiosidade humana em religião; transformam o poder da fé destes indivíduos em poder para si próprios.


Mais uma vez cito as cruzadas para ilustrar como líderes religiosos transformam o poder da fé dos indivíduos em poderes próprios, usando-os para alcançar suas ambições.
Não é necessário ir tão longe na história. Basta olhar quantos não são os padres e pastores que adentram a política por intermédio de seus fiéis. Ou até mesmo os homens-bomba, que morrem por sua fé acreditando que assim estão perto das divindades estereotipadas por sua religião, mas que somente estão ajudando os líderes alcançarem suas ambições.
Notem que os líderes nunca fazem o que mandam fazer. Sempre são os fiéis.


 Quem segue religião de forma alguma é mau- exceto alguns. Todavia, são manipulados e mantidos na ignorância sem se dar conta.



 A liberdade em sua plenitude é impossível para o homem e para qualquer coisa. Todavia, o homem tem procurado a liberdade onde mais acorrentado ele pode ficar: nas religiões.


O deus, melhor, os deuses até hoje conhecidos e seguidos pelos homens são criações humanas, e não os criadores do homem, como é atualmente dito.


É uma criação humana para manipular homens.

Dentro de um templo religioso há tantos deuses quantas pessoas hajam lá dentro.


Se todos lá dentro descrevessem como é deus, ver-se-ia que todos imaginam deus de forma diferente. Todos teriam muitos aspectos em comum, isto devido ao estereótipo dado pelas religiões, mas ainda sim seriam diferentes uns dos outros. E é a partir do que cada um entende sobre o que é deus que se guiam.


As religiões e os líderes religiosos brigam entre si pelo monopólio da verdade divina, e usam os fiéis ignorantes na frente de batalha, onde na verdade a verdade divina está dentro de cada um. Quem não se engana com estas mentiras e as denuncia é tido por adjetivos pejorativos, e em outras épocas caçado e morto. O medo de castigos físicos e morais são uma forma de manipular e manter as pessoas alienadas. A ditadura fez o mesmo contra aqueles que lutavam pela democracia.
 Os deuses e a fé são subjetivos.


A fé nada mais é do que o próprio homem estimulando inconscientemente alguma parte dos 96% do cérebro que ainda não usa. A fé é uma boa coisa e faz "milagres". Todavia o que se entende por milagre é tudo aquilo que foge a atual capacidade humana de compreensão.


 Portanto, continuem a ter fé, em deus ou em qualquer outra coisa, que fé incontestavelmente só faz bem. Contudo, atentem-se para a dominação a qual são vítimas nas religiões!


Quando todos descobrirem que cada um tem um deus diferente do outro, embora as religiões- principalmente as cristãs- digam que ele é um só, e que este deus somente existe dentro de si, pode o mundo chegar a alcançar o amor que Jesus, simples homem e grande filósofo, "endeusado" 374 anos depois de sua morte por ser conveniente à religião, pregava. Jesus sabia que o homem era o deus do próprio homem, tanto que ele sempre dizia: "a tua fé te curou". Uma fé em deus ou em qualquer coisa, mas que somente existia dentro de cada um.


“Quem deixa de lado o direito de raciocinar, imaginar e criar torna-se cativo de si mesmo e dos demais. Torna-se peão em um jogo de xadrez onde deveria ser o rei.”