segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Justiça Quimérica

A sociedade me incomoda
ao apregoar certa justiça,
Com discursos que nos levam
a adotar uma mentira.

Fomentada por quem pode,
consumo vira objetivo.
Fetichização da mercadoria:
tem de comprar sem ter motivo

E o ser humano virou número,
numa lógica absurda, lamentável.
E aquele que não se adéqua,
se torna lixo, inútil, descartável.

Na sociedade de consumo,
TER ou NÃO TER é a questão:
Ou se vive como o dita a moda,
ou o destino é a exclusão.

A Tal justiça propalada,
diz que "todos são iguais"
Ser rico ou pobre, não importa,
advém de direitos universais.

Essa igualdade só consiste
no direito de comprar.
Pois só rico tem direito
de governar e de pensar.

Mesmo o consumo não é justo,
e pra cada classe tem lugar
Pois quando pobre vai ao shoping,
é proibido de entrar.

Na teoria: linda e bela,
mas que na práxis não se faz:
Justiça burguesa que garante,
vantagem à quem tem ricos pais.

Triste destino tem o pobre,
de várias formas coagido.
Trabalhar e continuar pobre?
ou tentar sorte e ser bandido?

É hediondo e absurdo,
e eu não sei como é que pode.
Tão cruel sistema ainda fazer
lutar pobre contra pobre.

Na obsessão de enriquecer,
bandido pobre rouba pobre vizinho,
que é mão de obra explorada,
e ganha pouco, bem pouquinho.

E o vizinho acreditando
que só o bandido que é o mal
Pede ao Estado, o "bonzinho"
que o trate feito um animal

Não sou louco, leviano,
e não aprovo tais condutas.
Mas digo que o Estado é
o maior culpado destas lutas.

Quando o Estado esquece o pobre
não dá saúde, lazer, educação,
para ser rico, que é o que se pede,
ou é mega-sena ou é ser ladrão.

Vais me objetar sobre o trabalho?
Direis que não posso me esquecer!
Mas tu conheces algum pobre 
que trabalhou e conseguiu enriquecer?

Vais me falar do Sílvio Santos?
E que não é só ele não?
Mas o discurso cria a regra
A partir de uma exceção.

Este Estado muito "justo",
que aos pobres tem se omitido,
Puni com pobreza quem trabalha,
e com prisão quem é bandido.

Mas o que o Estado não fala,
É que puni antes dos grilhões.
Desde que o pobre indivíduo nasce
E não lhe dá mais opções 

Banditismo e mendicância,
são efeitos de uma História
Em que rico governa e cria leis,
nas quais o pobre só se esfola.

Quado os poucos que percebem
essa armadilha bem armada
Vão à luta protestar,
e levam muita borrachada.

Tranquilo é ganhar um jogo
em que só eu que sei a regra.
As leis que classe rica cria.
servem tão somente à ela.

Quando o povo se der conta,
e perceber a tal mentira
Essa quimera ruirá,
e poderemos ter justiça.