quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Onde nasce sua opinião? (modificado)

O empobrecimento cultural da maioria da sociedade brasileira é tão grande, o resultado dos investimentos para se manter e perpetuar a ignorância destes cidadãos foi tão eficaz, que esta grande parcela da população não consegue ter um olhar crítico sobre a realidade.
Estes cidadãos brasileiros vivem em tal ponto de ignorância que não conseguem enxergar o que ocorre em sua volta. Sua capacidade de analisar, raciocinar, criticar, foi a tal ponto tirada ou impedida de florescer por conta da dose homeopática de "conhecimento" que lhes é permitida ter acesso, que o Estado- ocupado por uma elite e patrocinador desta condição- se beneficia desta situação “vegetativa” em que se encontram estes indivíduos para então imputar-lhes suas idéias, que têm por objetivo a manutenção dos status quo.
À imprensa cabe a tarefa de veicular as idéias do Estado aos indivíduos. Este indivíduos usam a imprensa como muletas para a sua deficiência em raciocinar e formar opinião. Acatam e tomam para si as idéias veiculadas por ela como se fossem verdades universais e incontestáveis, acreditando que estas opiniões, tal como afirma a imprensa, são: “imparciais”.


Existem, ainda, para além desta maioria em estado “vegetativo”, outros cidadãos- uma pequena parte- que mantém intacta suas capacidades de raciocinar, analisar, criticar, e assim, têm condições de compreender este engenhoso esquema.
À esta pequena parcela da população restam dois caminhos: ou são absorvidos pelo Estado e pela elite dominante e passam fazer parte destes; ou são reprimidos por não aceitarem compor este grandioso esquema.


O ultimo incidente ocorrido com os alunos da USP evidencia muito bem como: o Estado reprime àqueles que se opõe às suas idéias e decisões; e como a imprensa não é  imparcial e veicula noticias que beneficiam o Estado e mascaram a repressão feita por este.


A forma como a imprensa noticiou a tomada da reitoria pelos estudantes fez com a maioria da população pensasse que a reivindicação destes havia se principiado pelo fato da PM ter detido três estudantes fumando maconha no campus. Ou seja, a reivindicação tinha se formado repentinamente e se tornara uma briga entre: “maconheiros” e polícia, estudantes “maus” contra o Estado “bom”.
Com essa notícia sendo passada pela imprensa os estudantes ficaram diante de grande parte da população com a imagem de: bandidos; o protesto pareceu ter-se iniciado repentinamente e por um motivo extremamente desprezível e suas reivindicações no mesmo patamar. Assim o Estado, através da imprensa, conseguiu macular a imagem dos estudantes perante grande parte da sociedade e ofuscar o verdadeiro motivo em que consistia o protesto.


O protesto e a insatisfação dos estudantes não começaram no exato momento em que a PM deteve os três alunos, muito menos o motivo era injusto e desprezível, tal como foi noticiado. Muito pelo contrário. Os alunos  protestavam pelo direito de autonomia que a constituição de 1988 prevê paras as faculdades públicas e que o governo havia de forma arbitrária desrespeitado quando pela primeira vez desde que acabou a ditadura militar o reitor da USP não foi escolhido democraticamente através da votação do Conselho Universitário, mas sim colocado lá pelo governador.
João Grandino Rodas, reitor e pivô das reivindicações, foi colocado no cargo justamente pelo fato de ser conhecida sua propensão a resolver problemas políticos por meio da militarização.
Rodas, confirmou sua propensão a militarização quando assinou um convênio com o Estado onde a PM passava a fazer patrulha dentro do campus, o que também não ocorria desde a ditadura militar. Este convênio, para o Estado e para Rodas, saiu em boa hora: a mioria-principalmente dos estudantes- não via com bons olhos nem ao Estado por ter desrespeitado o Conselho Universitário nem Rodas por ter sido colocado lá pelo próprio Estado.


Os protestos sempre aconteceram e os estudantes sempre reivindicaram: a saída de Rodas da reitoria, pois este não havia ascendido ao cargo de maneira democrática; que se melhorasse a segurança, pedindo uma maior e melhor iluminação no campus e que fosse aumentado o efetivo da guarda universitária- que é de autonomia da USP, autonomia que não é respeitada pela PM.


Desta forma, a PM não foi colocada no campus da USP para dar maior segurança aos estudantes, mas sim com o intuito de reprimir estes protestos que iam contra os interesses do Estado: tirar a autonomia da Universidade e dos estudantes e tomar em suas mãos as rédeas dos mesmos.


As notícias veiculadas pela imprensa omitem estes fatos e mudam o foco das atenções para um lado que faz com que a maioria da população se comova e se coloque a favor do Estado, em detrimento aos estudantes.
Sabidamente, as drogas causam uma tremenda comoção em toda a população- e não era para ser diferente. Esta foi a forma que a imprensa usou para trazer a população para o lado do Estado.


Para atestar a eficácia com que a imprensa consegue moldar a opinião pública basta olhar as redes sociais na internet. Quantos não são os protestos que seguem o ponto de vista moldado por ela?


O Estado financia uma educação em dose homeopática para a população. A maior parte fica em estado “vegetativo”. Poucos escapam a esta situação. A maioria destes que escapam são absorvidos pelo Estado e passam a fazer parte dele. Os que não são absorvidos pelo Estado torna-se perigosos para o seu intento de manter o status quo. Estes “não absorvidos” passam a ser reprimidos pelo Estado. A imprensa entra no jogo veiculando a opinião que o Estado quer que a população tenha. A população em estado "vegetativo" -incapaz de formar opinião própria- acata a opinião da imprensa como se fosse sua, verdadeira e incontestável. Com esta opinião a população se coloca ao lado do Estado. Com a população ao lado do Estado a repressão está justificada. O status quo se mantém.


Ciclo fechado!
Esquema perfeito e funcionando bem!