terça-feira, 21 de outubro de 2014

"Aécio, quem conhece, confia".

Bem, vi um vídeo com viés político rolando no facebook e que continha uma declaração do ator Luiz Fernando Guimarães, e, não perdendo o espírito contestador e de vontade de aprendizado, fui ver do que se tratava, já que, embora tenha convicções políticas distintas, acho por bem conhecer o que é contrário, pois acredito que no contrário também encontramos coisas edificantes. O nome do vídeo, ou da campanha cujo vídeo faz parte, é o mesmo que temos no título desta postagem: "Aécio, quem conhece, confia".
Eis o link do vídeo

https://www.facebook.com/video.php?v=869289789782570

Não curto discutir pessoas quando o assunto é política, mas os partidos e suas ideologias, já que os candidatos são representantes de partidos e não governam, em sua maioria, contrariamente aos rumos traçados pelos mesmos partidos. Contudo, como o slogan do vídeo é "Aécio, quem conhece, confia", proponho uma análise do conteúdo do vídeo em comparação com  episódios envolvendo Aécio para que pensemos se o slogan faz sentido. Vejamos:
O ator afirma ter três motivos para votar em Aécio, sendo que o primeiro até é um legítimo desejo de alternância partidária. Contudo, os dois outros são uma tragédia de falta de conhecimento, o que contradiz o slogan do próprio vídeo, já que deixa claro que ele não conhece Aécio e usa de sua imagem e palavras bonitas para tentar pegar os desavisados (expediente usado por quase todas as campanhas...).
Pois bem, vejamos suas palavras acerca do segundo argumento:

"Eu vou muito à Belo Horizonte, eu adoro aquela cidade, eu adoro o povo mineiro e vejo que a cidade tem um tratamento muito legal, foi muito bem governada por ele."

Oras, ele vai muito à BH? Estranho, ele não é de lá? Talvez isso explique o fato dele dizer que a cidade foi muito bem governada por Aécio mesmo ele nunca tendo sido prefeito da cidade.
O que isso tem a ver? Oras, ele foi governador, e sim, podia e devia, dentro de sua atribuições e responsabilidades, trabalhar para deixar a capital bela e bem cuidada, mas essa era uma atribuição principalmente do Prefeito e não do governador, Prefeito que para deixar bem claro, nunca foi Aécio. E mesmo assim é muito conveniente para prefeito e governador que a capital, ao menos, seja bem cuidada, pois é para lá que acorrem os forasteiros, e é a capital o maior cartão de visitas do Estado. Agora, e o restante do Estado? E desde quando capital bem cuidada significa Estado todo bem cuidado? Estranho, não? Ele fez um trabalho tão bom que...

http://www.revistaforum.com.br/blog/2013/05/tjmg-confirma-aecio-neves-e-reu-e-sera-julgado-por-desvio-de-r43-bilhoes-da-saude/

Bem, vejamos o terceiro motivo:

"E em terceiro é porque eu acho ele um cara muito transparente, ele é uma simpatia de pessoa, eu sinto nele uma vontade, uma capacidade, uma energia muito grande para governar esse país."

Opa, opa! Espere um pouco! Um cara transparente? Como assim? Então por que sendo transparente ele entrou na justiça para impedir que o google relacionasse seu nome à alguns escândalos da vida pessoal e de sua gestão enquanto governador? Estranho... E o teste do bafômetro? E a demissão de Jorge Kajuru pedida por ele após uma crítica à ele, então governador, e...

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/03/1425228-justica-nega-pedido-de-aecio-para-bloquear-buscas-na-internet.shtml

Ele é uma simpatia de pessoa??? Será que ele foi muito simpático quando bateu em uma mulher?

http://www.horadopovo.com.br/2009/Novembro/2814-04-11-09/P3/pag3a.htm

"Eu sinto nele uma vontade [...] uma energia..." Energia? Tá bem... Sentir energia é muito útil mesmo.
Mas vamos lá, pois ele também sente uma capacidade... Bem, as notícias, embora tendenciosas, estão apontando fatos até então irrefutáveis, então deixarei elas falarem um pouco...

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/191539-aecio-perde-batalha-da-verdade.shtml

Essa última notícia mostra o quão simpático é o candidato. Realmente "muito simpático". Mas vale lembrar do ditado popular: "quando a esmola é muita, o santo desconfia". Muita simpatia e pouca verdade.

Não sei se tivestes a curiosidade de ler todo o texto e ver as notícias, pois muitos apenas reproduzem pequenas manchetes ou vídeos como se fossem a verdade absoluta e não vão a fundo para verem se estão reproduzindo verdades ou coisas coerentes (não que não possas questionar estas notícias citadas - até deves- mas se aprofunde)... Contundo, se deitar ao exame minucioso, verás que no mínimo, no caso deste vídeo, o ator não faz jus ao slogan, e deixa bem claro que não conhece o Aécio. Então sugiro que mudem o slogan deste vídeo para "aécio, confio, mas não conheço", ou então teremos de acreditar no da oposição dele que diz "Aécio, quem conhece, não vota".

sábado, 18 de outubro de 2014

O "di menór" tem que virar "di maiór"?

Muito se tem discutido - inclusive alardeado por um candidato à presidência que afirma ser um dos seus mais urgentes projetos - acerca da diminuição da maioridade penal. De fato, se levarmos em conta a opinião da grande maioria das pessoas, tal projeto já teria sido aprovado e a maioridade penal já teria caído, inclusive para 12 anos, segundo já escutei por aí.
A ideia que sustenta essa opinião gira em torno de uma certa impunidade, que faz com que cada vez mais adolescentes e crianças optem pela prática do crime. Segundo a opinião vigente, diminuindo a maioridade penal, diminuiria por consequência o número de delitos. Será mesmo? Vejamos:
Eu sei que alguns dos que possivelmente possam estar lendo estas linhas ficarão bravos e desconfiados pelo exemplo que citarei - podem dizer que é insistência e talvez perseguição (até mesmo escárnio, mas não se trata disso) - mas não me furtarei do direito de usá-lo. Quando Jesus, o dito Cristo, foi pregado na cruz para cumprir pena capital, junto a ele estiveram outros dois malfeitores, para ser mais exato, ladrões. O que tem isso com a questão da diminuição da maioridade penal? Tudo! Inclusive com à ideia também por muitos defendida acerca da pena de morte, que neste caso apenas esbarraremos como citação. É simples: se o medo da punição faz com que os crimes diminuam, ou mesmo acabem, tal como acreditam os defensores da diminuição da maioridade penal, como se explica que mesmo sabendo que a punição para o crime de roubo era a morte ainda sim aqueles dois sujeitos foram roubar? Isso sem levar em conta que o roubo é um crime que não atenta diretamente contra a vida, maior bem existente, e mesmo assim era severamente punido. Podemos responder isso sem muito esforço: o que causa a maioria absoluta dos crimes não é a certeza da impunidade ou da punição branda. Ao contrário, a causa da maioria dos crimes é a desigualdade social.
Os reflexos mais imediatos de uma possível diminuição da maioridade penal, então, antes de ser a diminuição da criminalidade, serão: primeiramente, o aumento de sujeitos encarcerados nos presídios, haja vista que os jovens antes levados para as Fundações Casas serão levados às penitenciárias; e em segundo lugar, os crimes cometidos hoje por jovens de 17, 16, 15 anos, passarão a ser cometidos por crianças mais novas.
Dirigir as ações do Estado rumo às punições é combater os sintomas, não o mal. Punir pode fazer o cidadão menos avisado confundir vingança com segurança. Punir é vingar-se, mas não diminuir ou acabar com os crimes, pois para se ter punição por parte do Estado é necessário ter acontecido crime.
O Estado deve criar políticas públicas que diminuam as diferenças sociais, aumentando as possibilidades e oportunidades dos marginalizados, que são, em sua maioria, os que acabam rumando para o crime. Não sou leviano a ponto de dizer que não há aqueles que mesmo tendo oportunidades diferentes acabam preferindo a vida de crimes, mas estes não são a regra, mas exceções. A diminuição dos crimes em todas as idades passa pela ação do Estado a fim de diminuir as diferenças e aumentar as oportunidades dos cidadãos, não pelo seu braço forte na hora da punição. Não confunda vingança com segurança!