domingo, 25 de maio de 2014

A culpa é do vidro.

O que é pior do que um amor não correspondido?
Um amor correspondido e não consumado por ser "impossível".
Querer, saber que é quisto,
e mesmo assim não poder dar vazão a um sentimento tão puro:
eis o que corrói mais duramente a alma.
É como se um corresse para o outro na ânsia de um simples abraço
um singelo, apaixonado, terno e eterno abraço,
mas tivessem, cada um em torno de si, uma prisão,
uma redoma de vidro transparente e inquebrável,
que, cruel, permitisse que um avistasse o outro,
todavia, impedisse o toque, o cheiro, o beijo.
O vidro é o vilão.
A amada está ali, a menos de um palmo,
escuta-se seu coração batendo devido ao esforço em romper a redoma
Meu coração quase arrebenta o peito pelo esforço e pela proximidade:
ela está ali, do outro lado, a menos de um palmo
mas o vidro continua firme, se recusa a ceder.
O vilão é o vidro.
Ele impede o toque, o cheiro, o beijo...

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Os grilhões da liberdade

Em homenagem à minha amiga, uma presa menina livre.


A liberdade só existe
pr´aquele que a almeja,
que no fundo d´alma deseja,
e independente das barreiras
por cima destas passa, persiste.”


Aquele que insistiu e buscou
a liberdade tão sonhada,
que é por muitos cobiçada,
ao fim da vida se da conta
que tal conceito só lhe ofuscou.


Os olhos sempre lá focados,
fixos no mesmo objetivo,
continuar sem ter motivo,
à liberdade como fim último,
parecendo estar enfeitiçado.


E depois de tanto tempo,
andando pra todo lado,
se sentindo livre, desapegado
reflete sobre o que alcançou
e se indaga por um momento.


Será mesmo que sou livre
por poder ir e voltar,
viver sem me preocupar,
com pessoas e/ou coisas,
pois ser livre nisso consiste?


E a conclusão a que se chega
é um tanto contraditória
pois puxando pela memória
livre foi para ir e vir
tal como sempre se deseja


Mas preso sempre esteve
e isto é uma verdade.
“Livre” para buscar a liberdade
percebeu que os grilhões dessa utopia
escravo de si sempre o manteve.



sábado, 10 de maio de 2014

Mitose discursiva

Falácias continuam passando por verdades, e as consequências são tratadas como causas.
Repito mais uma vez: ninguém é (ou pelo menos poucos são) a favor de crimes e nem defende criminosos. A "esquerda" luta contra o atual sistema que patrocina as injustiças que geram estes problemas. Os interesses envolvidos criam esses problemas mas se isentam da culpa. Aí criam um modo de "limpar as cagadas" que eles mesmos criaram e fazem parecer que o problema não foi criado por eles, mas a solução sim.
Lutar pela diminuição da maioridade penal, por penas mais duras para maiores ou mesmo a própria pena de morte é o que esta elite defende e faz o povo repetir para "legitimar" isto como se fosse a "vontade do povo". É sim a vontade do povo. Mas uma vontade plantada pela elite no seio do povo. Defender essas bandeiras é brincar de Dom Quixote lutando contra moinhos de vento, é lutar contra uma doença combatendo os sintomas e não a causa. Para agradar meus amigos de "direita" e dar um exemplo que possam compreender bem, citarei o Evangelho. Ao lado de Jesus dois ladrões foram crucifixados e mortos. Ou seja, o furto e/ou o roubo, que são crimes que não atentam diretamente contra a vida, eram punidos com a morte pelo Império Romano e mesmo assim os crimes não cessaram. No Brasil mesmo a pena de morte existiu até finais do século XIX, e mesmo assim os crimes estão aí e podeis, meus caros "direitistas", por conta deles, praticar sua verborragia e berrar aos quatro cantos o seu ódio.
O que me assusta não são os discursos apropriados e repetidos, mas a falta de coerência nos discursos. Não há análise do problema, muito menos a reflexão acerca do que está sendo dito, mas um simples reproduzir de uma ignorância tremenda em forma de jargões como se a solução para os problemas residisse tão somente ali, na repetição destes mesmos jargões.
Provavelmente alguns já estejam vislumbrando o cadafalso, pois dizer publicamente que este atual sistema é injusto, que a "bandidagem" é "culpada e vítima" ao mesmo tempo, pode ser considerado crime de lesa-majestade, punível com a morte. Mas como já disse. a pena para crimes não são impeditivos, mas punições para os mesmos. Pelo que impediria crimes ou diminuiria drasticamente a sua incidência vós não quereis lutar, meus caros amigos: lutar diretamente e ativamente para a diminuição das injustiças sociais. Preferis o comodismo da situação em que se encontram e o "direito" de expressar sua opinião tal como um papagaio.