segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dia dos Professores.


Creio que hoje, dia 15 de Outubro, dia do Professor, seria uma boa oportunidade para dissertar um pouco a respeito do papel e da importância que este profissional tem na nossa sociedade e o modo como ele têm sido tratado, além de saber quem está desempenhando esta função vital.
Lembro ainda que esta reflexão tem por base conhecimento empírico adquirido no pouco tempo em que leciono, relatos de outros Professores (poucos, é verdade) amigos meus, conversas com professores que lecionam há muitos anos, e conversas com alunos a respeito do que acham da Escola.
Vale salientar que refiro-me principalmente à condição das Escolas Estaduais em Ribeirão Preto e dos Professores que nelas lecionam. Entretanto, como o salário, o reconhecimento e o governo que gerencia o funcionamento das escolas do Estado de São Paulo inteiro é o mesmo, creio que esta reflexão possa perfeitamente ser estendida à todo o Estado.

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Professor é aquele que professa.
Assim como os cristãos professam sua fé em um porvir próspero e cheio de felicidade ao lado do que eles afirmam ser o criador, o Professor também, ao transformar seu conhecimento em palavras e transmiti-las aos alunos, professa a estes o que lhes servirá de base para o futuro, consequentemente, também o de nossa sociedade.
Desta forma, desvalorizar o professor é o mesmo que desvalorizar o futuro de nosso Estado.

Creio que é praticamente consenso em nossa sociedade que a Escola é o lugar onde se deve formar o futuro da nação. Entretanto, tal discurso fica recôndito ao “politicamente correto”, haja vista que na prática a situação das escolas é calamitosa.
Basta passear pelas Escolas para se dar conta de que elas estão muito longe de alcançar os objetivos que normalmente lhes são atribuídos: são uma maioria de maus professores, maus funcionários, alunos descontentes, salas extremamente lotadas, etc.

Limitar-me-ei, pois, a opinar a respeito do porquê da baixa qualidade do Ensino nas escolas e ver a relação existente entre este mal ensino e os Professores.

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Subverteram direito ao ensino acadêmico em obrigação ao mesmo. No caso do nosso Estado essa subversão se deu no momento em que foi implantada uma educação tecnicista disfarçada da Educação Libertadora e Conscientizadora proposta por Paulo Freire.
Daí que a crescente necessidade de mão de obra mais especializada fez com que o discurso de Paulo Freire fosse usado para ocultar a verdadeira intensão por detrás do “todos têm direito à Educação”: formar mão de obra, não indivíduos pensantes.
Essa necessidade subverteu, então, o “direito” inalienável a frequentar a Escola em “obrigação” a frequentar a mesma.
Essa obrigação é justamente o que gera a grande insatisfação entre os alunos, principalmente os adolescentes, pois muitos fatores tornam a Escola menos atrativa que outras coisas e lugares.

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Como a Escola é voltada para formar mão de obra, não se tem a necessidade de colocar nela professores capacitados para conscientizar e libertar os alunos através do conhecimento. Assim sendo, o Professor acaba perdendo a sua função, ou tento diminuída a sua importância dentro da sociedade.
Não se reconhecendo na prática a importância do Professor, o resultado são salários irrisórios para o tamanho do trabalho que eles têm.

Quando a Escola era frequentada por poucos, os Professores também eram poucos, mas eram melhor remunerados e mais reconhecidos, pois sabia-se que nas mãos e no conhecimento destes estava o futuro daqueles poucos que se formariam. Estes poucos seriam a elite da sociedade (hoje em dia vemos isto nas escolas particulares, onde os melhores Professores lecionam devido ao salário, embora tampouco tenham tanto reconhecimento).


“Todos têm direito a Educação” significa que a população pobre também tem. Entretanto, todos terem direito não significa que o “Ensino” será o mesmo para todos.

Com a subversão do direito à Escola em dever de frequentá-la (mais uma vez enfatizo que é para atender a necessidade de mão de obra) os alunos de classes menos favorecidas foram forçados a frequentarem-na, fazendo com que elas sofressem um inchaço. O número de alunos cresce em progressão geométrica, enquanto o de professores capacitados sequer cresce.
O resultado disso é alunos com professores mal preparados, quando não desinteressados em ensinar.

Ocorre que no atual panorama de nossa sociedade, onde é ávida a busca pelo dinheiro, muitas pessoas ingressam em uma licenciatura como se fosse ensino técnico, simplesmente pensando no salário, que embora seja pouco para um verdadeiro e bom professor, é muito para uma pessoa que somente pensa no dinheiro e que estaria ganhando R$ 800,00 em um outro emprego qualquer.

A lógica que acomete a Escola é: “que se fodam vocês, alunos! Eu já tenho meu diploma e meu salário cairá em minha conta quer vocês aprendam, quer não!”

É um ciclo fechado e vicioso: professor desvalorizado se empenha menos, forma alunos incapazes que depois se não arrumarem serviço “melhor” se voltam para o Estado para dar aulas e ganharem um pouco mais, estes formarão mais alunos incapacitados que repetirão o processo.

Infelizmente, vendo o modo como são tratados os Professores, mesmo aqueles que vêem na profissão apenas um “emprego melhor”, o futuro do nosso Estado não é muito animador.

Entretanto ainda há alguns professores que conseguem fugir a esta lógica terrível.
Os bons professores que ainda restam deveriam ser chamados de "SUPER PROFESSORES HERÓIS", ou "SUPER HERÓIS PROFESSORES"!

AVE, RAROS BONS PROFESSORES, A VOCÊS SIM FELICITO COM UM "FELIZ DIA DO PROFESSOR"!!!!!!


Um comentário:

  1. acho que deveria falar a realidade que o governo faz com os professores,e que todos sao limitados ao ensinar assim vetando o verdadeiro conhecimento.
    mas ficou muuuuito bom

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