Um
equívoco corriqueiro que acomete alguns religiosos é o concernente
a associação feita entre Estado Laico com Estado “Ateu” e
malígno.
Afirmam
que o Estado Laico é um Estado Ateu por não ter por oficial nenhuma
religião.
Baseados
numa doutrina dualista onde somente existe bem e mal, um indivíduo
que não é religioso (“do bem”) é necessariamente do mal. Ou
seja, o Estado Laico, por não ostentar nenhuma religião, é situado
necessariamente entre o mal.
A mesma
teoria se aplica ao modo como eles interpretam os ateus. Por estes
não acreditarem em deus são diretamente tidos por “parceiros do
capeta”. Oras, se alguém não crê em uma entidade metafísica e
inteligente que rege o físico, como pode acreditar no antagonista do
que não crê? Pior ainda, como pode ele pactuar com o que não
acredita?
Ultimamente,
baseado nestas ideias, grupos religiosos tem cada vez mais se
organizado politicamente. Um amigo católico, participante de um
destes grupos, disse que pretendem em pouco tempo eleger um bom
número de candidatos para acabar com o Estado Laico.
Segundo
este amigo: “nós queremos dar o que há de melhor para quem
amamos, por isso temos de entrar na política e impedir que os
evangélicos tomem conta, assim como impedir que os ateus que
defendem o Estado laico façam coisas erradas”.
Uma das
coisas que este grupo católico mais prega em seus encontros é o tal
do “livre arbítrio”. Segundo o que afirmam, livre arbítrio
seria o direito inalienável de escolha concebido aos homens por
deus.
O problema
é que as ideias políticas deste grupo divergem totalmente do
conceito de livre arbítrio pregado por eles.
“nós
queremos dar” significa exatamente que os que ganharão não terão
a chance de escolher. Nem sequer se perguntam se os que ganharão
precisam mesmo daquilo, ou se querem realmente aquilo. O que será
dado já está pré-definido. Será uma imposição feita a “quem
amamos”.
Isso sem
contar a discriminação existente contra os protestantes: “temos
de entrar na política e impedir que os evangélicos tomem conta”. (Provavelmente o pensamento dos protestantes em relação aos
católicos esteja permeado pelo mesmo ideal.)
O Estado
Laico acaba dando a oportunidade de que os cidadãos pratiquem o
“livre arbítrio” muito mais do que as religiões deixam seus
fiéis.
Um Estado
Laico não é um Estado onde não se pode praticar religião. Pelo
contrário. Ele somente não elege uma por oficial.
Um Estado
que tem uma religião oficial torna ao mesmo tempo as demais
religiões ilegais. Vide exemplo da Igreja Católica enquanto
atrelada aos Estados.
Se o
Estado deixasse de ser laico e adotasse uma religião oficial seria
aberta uma perseguição contra as demais. Os cidadãos perderiam seu
livre arbítrio, não poderiam escolher sua própria religião. Ou se
acataria a oficial ou praticaria uma outra escondido sob risco de
algum tipo de pena se descoberto.
O que o
Estado Laico fez foi tirar a religião do âmbito público, ou seja,
deixar de usá-la como ferramente para manter a ordem pública e
transferi-la para o âmbito privado. Assim cabe ao cidadão escolher
qual religião quer seguir e se quer seguir alguma.
A
imposição de uma religião em detrimento das demais é um atentado
contra o livre arbítrio.
Àqueles que dizem “amar ao próximo” deveriam entrar na política pensando no ser humano, no bem social, sem fazer distinção de credo religioso, como prevê a constituição do nosso Estado, que por sinal é LAICO.
Àqueles que dizem “amar ao próximo” deveriam entrar na política pensando no ser humano, no bem social, sem fazer distinção de credo religioso, como prevê a constituição do nosso Estado, que por sinal é LAICO.
Realmente seria catastrófico se o Estado deixasse de ser Laico e adotasse uma religião como a Maioral, perseguição ocorreria sem sombra de dúvidas.
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