Conforme
últimas notícias, já são oito (hoje, dia 16/11, mais de 20) escolas ocupadas por alunos no estado de São
Paulo. Estes alunos estão reivindicado o fim da reorganização (desorganização)
que o governo está propondo para o ano que vem, e já que nunca ninguém os procurou
para perguntar o que achavam, resolveram ocupar as escolas, fazendo, assim, a única coisa que realmente
chamaria a atenção da sociedade para a arbitrariedade que estão cometendo
contra eles.
Certo
é que muitos olharão para estes alunos e dirão que são vândalos, que somente
deveriam se importar se por acaso fosse faltar vagas ou coisa assim. Alguns mais radicais
ainda dirão que deveriam apenas “estudar, o que muitos dos alunos envolvidos
não fazem”, ainda que não os conheçam. Seja como for, só uma falta de
sensibilidade gerará este tipo de comentário.
Estes
alunos estão lutando pelo direito de permanecerem na escola que criaram laços,
seja intelectuais, seja efetivo ou de amizade. Qualquer um destes motivos são
justos. Nunca e em nenhum momento foram consultados para que sua opinião fosse
ouvida; nem as suas e nem a de seus pais. A decisão de fechar 94 escolas em
todo o estado e fazer com que outras centenas tenham sua rotina alterada foi
tomada autoritariamente, de cima para baixo, com o pretexto tacanho de que
seria para melhorar a qualidade de ensino. Só alguém com um alto grau de
cegueira social e política para acreditar nessa desculpa esfarrapada, pois o
que está implícito no discurso e explícito nas ações do atual governo é a “diminuição
de gastos” com a educação. E isso não é de agora.
Em
2013, por exemplo, o mesmo governador, por meio da Secretaria Estadual da
Educação, abriu concurso para a contratação de 59 mil professores em todo o
Estado. Alguns mais cegos acreditaram que esta medida seria para alavancar de
vez a educação em São Paulo. Contudo, esses 59 mil professores não seriam
contratados como acréscimo no plantel, mas unicamente para cobrir o rombo de
professores que as escolas públicas tinham.
Obviamente
este concurso foi feito e, em 2014, por conta das eleições, foi usado como “prova”
para o eleitorado de que o governador (candidato a reeleição) era um ser
preocupado com a educação dos jovens. Ocorre que estamos já no final de 2015 e
até agora não foram chamados todos os 59 mil professores. Pior que isso, ainda
tentou por meio do decreto 64466 impedir que o Estado contratasse novos
funcionários, ainda que estes fossem necessários e remanescentes de concursos
ainda em período de vigência (incluindo professores).
Também
é sabido entre professores e funcionários de escolas estaduais que desde o meio
do ano passado o governo tem realizado cortes nas áreas mais básicas, deixando
faltar, inclusive, produtos básicos de higiene nas escolas. Este mesmo governo
que com a “reorganização” visa melhorar a Educação é o governo que mantém o
sigilo das correções, provas e gabaritos do SARESP, divulgando apenas os
resultados que, como é de se esperar, sempre apontam para o “ótimo desempenho
das escolas paulistas”.
Este
mesmo governador que agora manda a PM sitiar os alunos nas escolas ocupadas
ainda este ano mandou a polícia contra os Professores que lutavam por melhores
condições de trabalho e salariais. O que é pior: mandou a policia e negava a
existência da greve que bateu o recorde e permaneceu por mais de 90 dias.
Não
há como acreditar nessa balela de que a reorganização visa melhorar a Educação.
Por mais que o senhor secretário diga em público que não há fechamento de
escolas, mas sim uso destes espaços para outros fins, ainda que educacionais,
estes prédios serão utilizados por entidades empresariais e comerciais visando
formação de mão de obra ou serão passados às prefeituras. Seja como for, não ficará
mais a cargo do Estado a manutenção do prédio nem dos funcionários, e corta-se
o que o governo chama de gastos.
Por
todos estes motivos, torna-se justa a tomada das escolas pelos alunos, pois
somente assim suas vozes estão sendo ouvidas. Governador, Secretário da
Educação, Dirigentes das DEs nem diretores de escola consultaram pais e alunos
(principais interessados e tocados pela mudança) para ouvirem suas opiniões; em
momento algum se levou em conta os transtornos que ocorreriam para os alunos
que serão realocados; tampouco se pensou nos muitos professores que, fechadas
suas sedes, terão que percorrer várias escolas para completar sua carga; enfim,
não se pensou em nada mais do que dar um duro golpe na educação pública
paulista, que, a título de melhoria, tem claros interesses de “diminuir gastos”
e sucatear mais ainda o combalido sistema educacional público deste estado.
Ironicamente o governador que nega a greve
manda a polícia bater em professores; ironicamente o governador que não hesita
em fechar escolas pede reintegração de posse de escolas cujos alunos estão
ocupando. Senhor governador, o que o senhor chama de invasão e depredação de
patrimônio público na verdade é justamente uma reintegração de posse que os
alunos estão fazendo, tomando para si o que lhes pertence e que o senhor deles
quer tirar; já o que o senhor quer chamar de reintegração de posse nada mais é
do que depredação de patrimônio público e um crime contra a educação e contra
estes jovens que resistem às tuas politicas tacanhas, autoritárias e
truculentas. Em vez de policiais, por que o senhor não envia professores pra
sitiarem as escolas?
Todo
o apoio e respeito aos estudantes que bravamente ocupam e resistem aos
desmandos do governo paulista!