quinta-feira, 2 de julho de 2015

Pero sigo siendo el rey

Uma entrevista num canto obscuro do palácio dos deputados...

- Eduardo Cunha, por que você colocou em votação essa emenda aglutinativa de uma matéria rejeita ainda ontem?

- Por que ela não passou ontem, deerrr!

- Mas e se não tivesse sido aprovada essa emenda aglutinativa?

- A gente daria outra aglutiadinha e colocaria pra votar amanhã!

- Mas Eduardo, seria o mesmo texto rejeitado duas vezes. Isso não pode!

- Não seria não! Olhe bem! Tá vendo aquela vírgula lá no artigo 6º no projeto de ontem? Pois bem, ela não está mais no de hoje. É outro texto! E eu já tinha planos de mudar a palavra “todavia” por “entretanto” numa possível aglutinada para amanhã.

- E assim o texto seria outro, certo?

- Exatamente! E também porque era um pedido do deputado Heráclito Fortes, aquele com a boca mucha e com a voz do Sílvio Luiz que se absteve na primeira votação por não concordar com o texto. Ele disse que aquele “todavia” deixava o texto um tanto impreciso. Ainda bem que conseguimos explicar pra ele sem precisar alterar. Cansa ficar repetindo o mesmo texto... ops! quero dizer, alterando todo o teor da matéria para que possamos apresenta-la novamente e novamente e novamente...

- Mas ainda depende de aprovação em dois turnos no Senado. E se por acaso o Senado barrar, Eduardo Cunha?

- Os senadores que se atrevam! Eu prometi pra mim mesmo que isso seria aprovado.

- Mas não depende só do senhor para que isso ocorra, isso é uma democracia. Existem regras e regimentos a serem cumpridas. Não as conhece?

- Regras? Regimentos? Acho que rasguei uns livrinhos assim que estavam na sala do presidente da Câmara assim que fui eleito para reinar nessa casa. Seja como for, precisamos é de pulso firme, não de regras e regimentos.

- Ainda sim o senhor não tem poder sobre o senado. Como pode garantir que tal projeto seja aprovado naquela casa?

- Simples, se eles não aprovarem lá o projetinho que fiz votar aqui, criarei uma PEC que dissolve o Senado e se não for aprovado nesta casa em primeira votação, vou dando aglutinadas até que todos se convençam que eu, Eduardo Cunha, movo céus e terras, vírgulas e “todavias”, e não desisto até conseguir o que eu quero. Afinal, sou o rei cristão da Câmara eleito por deus para governar o povo.

- Mas Eduardo, isso não é uma monarq...

- Cale a boca, repórter chato! Ousa discordar de mim? Polícia, leve esse sujeito para as masmorras! Tenho de mandar aglutinar muitas coisas hoje e ainda tem culto. 

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