Quando eu estiver
bem velho, olharei para o meu passado e farei um balanço de minha caminhada. Certamente
analisarei minhas ações com certa complacência, mas não deixarei de admitir os
muitos erros que já cometi e que cometerei ao longo de minha vida.
É quase certo que
sentirei um pesar pelos beijos que não dei, abraços curtos que poderiam ser longos,
amores que recusei e amores frustrados que senti. Certamente ficarei chateado
tendo de assumir que enquanto Professor poderia ter feito muito mais. Contudo,
nesse dia certamente não terei que passar pela vergonha de ter de admitir que,
quando jovem, tentei “melhorar” meu país batendo panelas dentro de casa ou que
fui numa micareta vestido com a camisa da CBF (entidade inegavelmente corrupta)
tirar fotos com policiais militares acreditando estar fazendo revolução e
lutando contra a corrupção.
Não poderei
dizer que estudei a resistência dos materiais, mas que participei da
resistência daqueles que sobrevivem numa sociedade de exclusão, daquele que
mesmo sem precisar lutam por direitos de outros que estão sendo espoliados,
desrespeitados.
Direi que em
parte de minha vida (espero que a maior parte), certo ou errado, junto com
companheiros valiosos, fui às ruas lutar contra as injustiças sofridas pelos
meus concidadãos, principalmente os que têm suas vozes abafadas ou caladas.
Vou, enfim,
poder dizer que o dito popular não é tão verdadeiro assim, pois será justamente
por algo que não fiz que me livrarei de sentir uma tremenda vergonha.
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