Uma entrevista num canto obscuro do palácio dos deputados...
- Eduardo Cunha, por que você colocou em votação essa emenda aglutinativa de uma matéria rejeita ainda ontem?
- Eduardo Cunha, por que você colocou em votação essa emenda aglutinativa de uma matéria rejeita ainda ontem?
- Por que ela não
passou ontem, deerrr!
- Mas e se não tivesse
sido aprovada essa emenda aglutinativa?
- A gente daria outra
aglutiadinha e colocaria pra votar amanhã!
- Mas Eduardo, seria o
mesmo texto rejeitado duas vezes. Isso não pode!
- Não seria não! Olhe
bem! Tá vendo aquela vírgula lá no artigo 6º no projeto de ontem? Pois bem, ela
não está mais no de hoje. É outro texto! E eu já tinha planos de mudar a
palavra “todavia” por “entretanto” numa possível aglutinada para amanhã.
- E assim o texto seria
outro, certo?
- Exatamente! E também
porque era um pedido do deputado Heráclito Fortes, aquele com a boca mucha e com a voz do Sílvio Luiz que se absteve na primeira
votação por não concordar com o texto. Ele disse que aquele “todavia” deixava o
texto um tanto impreciso. Ainda bem que conseguimos explicar pra ele sem
precisar alterar. Cansa ficar repetindo o mesmo texto... ops! quero dizer,
alterando todo o teor da matéria para que possamos apresenta-la novamente e
novamente e novamente...
- Mas ainda depende de
aprovação em dois turnos no Senado. E se por acaso o Senado barrar, Eduardo
Cunha?
- Os senadores que se
atrevam! Eu prometi pra mim mesmo que isso seria aprovado.
- Mas não depende só do
senhor para que isso ocorra, isso é uma democracia. Existem regras e regimentos
a serem cumpridas. Não as conhece?
- Regras? Regimentos?
Acho que rasguei uns livrinhos assim que estavam na sala do presidente da
Câmara assim que fui eleito para reinar nessa casa. Seja como for, precisamos é
de pulso firme, não de regras e regimentos.
- Ainda sim o senhor não
tem poder sobre o senado. Como pode garantir que tal projeto seja aprovado
naquela casa?
- Simples, se eles não
aprovarem lá o projetinho que fiz votar aqui, criarei uma PEC que dissolve o
Senado e se não for aprovado nesta casa em primeira votação, vou dando aglutinadas
até que todos se convençam que eu, Eduardo Cunha, movo céus e terras, vírgulas
e “todavias”, e não desisto até conseguir o que eu quero. Afinal, sou o rei
cristão da Câmara eleito por deus para governar o povo.
- Mas Eduardo, isso não
é uma monarq...
- Cale a boca, repórter
chato! Ousa discordar de mim? Polícia, leve esse sujeito para as masmorras!
Tenho de mandar aglutinar muitas coisas hoje e ainda tem culto.