sexta-feira, 27 de março de 2015

O cortejo fúnebre

Dentre olhares curiosos e aplausos de apoio, seguiu rumo à Diretoria de Ensino de Ribeirão Preto um ato que reunia em si diversos significados. Era dicotomia pura. De um lado significa um cortejo fúnebre face ao total sucateamento da educação nas escolas estaduais que tiveram até os itens de higiene reduzidos para “conter gastos”. Por outro lado, significava o renascimento do movimento estudantil, que, tal como se reverberava no trajeto. “nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu? Aqui está presente o movimento estudantil?”.
Frente à inércia da D.E. e aos escárnios constantes do atual governador face às reivindicações e manifestações dos professores, o que se viu foi o início do que se pretende duradouro e forte: a reação dos que são diretamente afetados por essa maneira truculenta e desrespeitosa com que é gerida e deseducação de São Paulo.
Se de um lado o governo de maneira leviana e forçosa tenta a todo custo, com a ajuda de fortes aliados como a Foia de sp, negar a existência de uma grave crise por meio de notícias de que o bônus pago aos profissionais da educação será o maior da história devido ao ótimos resultados alcançados; se tenta desesperadamente escamotear o movimento grevista que acomete o Estado todo reverberando a inexistência ou deslegitimando o movimento; se tenta impedir que os Professores se unam mais ainda proibindo que profissonais em greve entrem nas escolas para dialogarem com seus pares; se pede para juntarem salas para que os que ainda não estão em greve “tapem buracos”; se pede às diretoras de escola e diretorias de ensino que contratem emergenciais só para que pareça que tudo corre normalmente nas escolas; se por um lado o governo age com tamanha mesquinhez achando que a população é tão inocente assim, por outro lado alunos e Professores se unem para desmascarar as inverdades desse governo de Deseducação.
Nas últimas semanas tem ocorrido diversas manifestações em nossa cidade referentes aos problemas nas escolas. Ontem foi apenas a materialização da insatisfação que perpassa a grande maioria da sociedade, que se não estava em peso no ato, ao menos era representada nele.
Contrariando tudo o que se espera, muitos alunos encabeçaram o movimento em apoio à greve dos Professores, e não como normalmente se diz por aí que o fazem simplesmente por não terem aulas enquanto há greve, mas sim por não mais aceitarem ver seus docentes em situações humilhantes e por vezes desumanas. Os alunos perceberam que pior do que não ter aula durante a greve é não ter aula mesmo tendo Professor em sala. Eles estão se dando conta de que a precariedade da educação traz malefícios para toda a sociedade, principalmente para eles.
Agindo assim o movimento estudantil dá exemplo para toda a sociedade, principalmente para os próprios Professores. Agindo assim ficará difícil o governo escamotear o quanto tem negligenciado as escolas públicas, porque quem o fala tem legitimidade e experiência de causa. Não é o grande redator que estudou nas melhores escolas particulares e defende a meritocracia ou o senhor governador que chama de novela o movimento grevista dos Professores que devem dizer o que é a educação paulista, pelo contrário, são os alunos que sofrem com a falta de Professores, que estão muitas vezes espremidos em uma sala de aula, são o Professores que recebem pouco perto de sua importância, que, sendo profissionais, são deslegitimados e ridicularizados pelo governo que podem dizer o que é a deseducação paulista. Em suma, somente quem vive o cotidiano das escolas sabe dizer com precisão os problemas por elas enfrentados, porque os demais que estão de fora apenas veem os muros.
O despertar dos alunos que, dentro e fora das escolas dão seu apoio aos Professores será o golpe final desferido no escárnio do governo.
O movimento de ontem mostrou isso, e tende a crescer.
Ontem foi o cortejo fúnebre do desrespeito geral do Alckmin em relação à educação. Ontem foi o revigorar do movimento estudantil que vai tomar conta das ruas e reivindicar o que é seu direito: Educação de qualidade.

Todo apoio aos Professores e todo aplauso aos alunos! Força à todos!

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